SAI O MINISTRO, ENTRA O CANDIDATO
ZARCILLO BARBOSA
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Com a saída de Sérgio Moro, que já havia trocado a toga pela política, nasce um forte candidato à Presidência em 2022. Sua frase de efeito não deixa dúvida: “Sempre vou estar à disposição do país”.
Clareando fogo, deixa a trincheira que deveria ter sido um baluarte na luta contra a corrupção e a favor da segurança pública. Ao acusar o presidente Bolsonaro de tentar interferir em investigações da Polícia Federal, o ex-juiz narrou práticas que configuram crime de responsabilidade. Abre nova frente para a instalação de CPIs e pedidos de impeachment.
Os políticos pequenos acham que só têm compromisso com o próprio ego e com os seus interesses de poder. A norma política brasileira continua baseada no patrimonialismo, no clientelismo e na fisiologia. Preservar a vida dos brasileiros não está nas prioridades.
Henry Kissinger, que por muitos anos dirigiu a política externa dos Estados Unidos, Prêmio Nobel da Paz (1972), costumava definir a triste realidade constatada várias vezes na sua carreira: “problemas grandes e líderes pequenos”. A crítica era dirigida à incapacidade de chefes de Estado de gerir crises e trabalhar juntos.
O mundo está diante de uma pandemia e da maior paralisação das atividades econômicas desde a II Guerra Mundial. Ninguém sabe quando surgirá a vacina imunizante contra o vírus letal e muito menos como aliviar o impacto da crise sobre os mais pobres. Postos de trabalho são destruídos aos milhões e paira no ar, sem resposta, a mesma pergunta feita pelo estadista há cinquenta anos: “Os que nos governam estão à altura? ”
O presidente Bolsonaro escolheu o caminho resvaladio da politização da pandemia. Toda semana o capitão fabrica uma nova crise. Detesta ministros populares que façam sombra ao seu governo. Segue inspirando-se no seu colega Donald Trump, que já abandonou a cloroquina e acaba de sugerir “injeção de desinfetante” para curar infectados pelo covid-19.
Em vez das autoridades se concentrarem no atendimento emergencial à saúde, somos obrigados a assistir, estarrecidos, a disputas egocêntricas. São 3.330 mortos.
Cinquenta milhões de brasileiros estão sem sustento. A par da tragédia, é estranho que o governo perca tempo em justificar a revogação de portarias de controle de armas e munições, aumentando em 12 vezes o limite.
A saída de Moro também parece indicar que a crise vai continuar com novos lances. Na semana foi apresentado um plano econômico de recuperação no período pós-pandemia, pelo ministro da Casa Civil, o general Braga Netto. O titular da pasta da Economia e Finanças, Paulo Guedes, ficou de fora. O que a imprensa apelidou de “Plano Marshall” por assentar medidas de investimento em obras públicas, foi festejada como uma vitória da ala militar. Seria tiro e queda para travar a explosão de desemprego.
Para Guedes, cuja presença no Governo garantiu a Bolsonaro o apoio de grande parte da elite empresarial, pode ter sido uma espécie de convite à demissão.
Sem Moro e, provavelmente, sem Guedes, os dois “superministros” que tinham carta-branca, o governo Bolsonaro se fecha na chamada ala ideológica. Sobram os aloprados ministros Arthur Weintraub, da Educação e Ernesto Araújo, das Relações Exteriores.
Sérgio Moro, agora dá adeus ao sonho do Supremo, mas sinaliza que ainda tem muita munição. Bolsonaro mostra que está disposto a correr riscos de ficar isolado, em benefício da satisfação pessoal do “quem manda sou eu”. A ala militar que o apoia, está com um pé atrás e espera o mais para frente.
O povo, esse fica por conta do SUS e da Virgem Maria.
Moacir Puga
?? disse tudo Zarcillo.
José Luiz Henriques Linares
Acho sinceramente que o ex Ministro teve motivos e razões de sobra pra se demitir . Nunca vou desculpa-lo por propositalmente e por motivos escusos (?) criar mais uma crise desta natureza. Seu pedido de demissão, não precisava vir acompanhado de tantas acusações com o objetivo de jogar o Presidente contra a opinião pública e submetê-lo à presumível desprestígio. Um homem supostamente decente, colocaria ós interesses do País em primeiro lugar