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PENÍNSULA VALDÉS, ARGENTINA

PENÍNSULA VALDÉS, ARGENTINA

TURISMO DE AVENTURA NA PATAGÔNIA

 

A Península Valdés recebeu da Unesco o título de Reserva Natural da Biosfera pelo seu valor paisagístico e científico, além das características naturais preservadas. O território de quatro mil quilômetros quadrados avança para o Oceano Atlântico na Patagônia argentina, ligado ao continente por um istmo, na Província de Chubut. É visitada por milhares de turistas do mundo todo, interessados na observação do habitat de extensa fauna terrestre e marítima. A península abriga o maior criatório de leões marinhos da América Latina e é o local preferido de quatro mil baleias francas austrais. Cerca de um terço da população mundial dos nossos maiores mamíferos habita os abrigos naturais do Golfo San José e Golfo Nuevo.  Nas falésias costeiras os turistas podem observar com facilidade lobos-marinhos, pinguins e centenas de aves, entre elas o cormorão-real e o petrel-gigante, a maior espécie de gaivota com mais de dois metros de envergadura nas asas. São vistos em companhia de biguás em mergulhos constantes no mar para capturar peixes em profundidades de até dez metros.

 

Localização: há voos do Brasil a Trelew e Puerto Madryn (via Buenos Aires)

Localização: há voos do Brasil a Trelew e Puerto Madryn (via Buenos Aires)

 

Em terra, a Península Valdés tem grandes populações de guanacos – um camelídeo parente da lhama, mas um pouco maior – lebres patagônicas e do ñandu de Darwin (choique), espécie de ema ameaçada de extinção e que foi objeto de estudos do naturalista, quando de sua viagem no “Beagle”, sob o comando do lendário FitzRoy.  O Patrimônio da Humanidade criado pela Unesco em 1971 para estabelecer uma Rede Mundial de Reservas da Biosfera – são 631 em 119 países –  utiliza-se da Península Valdés como um de seus modelos de proteção do meio ambiente. Serve de laboratório às autoridades em biologia marítima, e a pesquisadores que querem pôr a prova novas ideias de gestão, que sejam auto-sustentáveis. Em resumo, a finalidade é harmonizar a proteção do meio ambiente com as necessidades econômicas humanas.

 

Guanaco

Guanaco

 

Em Punta Tombo localiza-se a maior das 63 colônias de Pinguim-de-Magalhães, com uma população calculada em dois milhões de aves. O passeio de madeira de 3,5 quilômetros permite aos turistas observarem os milhares de ninhos cavados sob os arbustos da estepe guardados pelas aves de 50 centímetros e cinco quilos de peso, em média. O pinguim é monogâmico. A fêmea bota dois ovos por ano em outubro, chocados pelo casal em revezamento durante 39 ou até 42 dias. Saem para caçar em grupos de cinco a dez e mergulham até 90 metros de profundidade em busca de peixes e camarões. A colônia de Punta Tombo tem mais de cem anos de ocupação mas, diminuiu em pelo menos 30% nas últimas décadas. Má notícia. Outro grande problema é o gigantismo da colônia: o filhote se desgarra e se perde no meio da multidão. Se não forem localizados estarão condenados à fome porque não serão alimentados por outras famílias.  Visto de cima dos decks de madeira é um mar em branco e preto, onde só se houve o grasnar dos machos chamando as fêmeas.  O macho responde ao cortejo guiado pelo som, colocando uma pedra ao lado do que julga ser o seu flerte. Se receber bicadas em vez de carinho é porque houve um equívoco. Trata-se de um macho, difícil de distinguir até entre os da mesma espécie. No inverno eles sobem para o Sudeste do Brasil. Indivíduos dessa espécie têm sido resgatados, exaustos, em praias do litoral paulista. Por falta de um local onde pudessem ser assistidos até ganharem forças para o regresso, o Zoológico Municipal de Bauru estabeleceu um importante pinguinário. Centenas foram salvos e devolvidos ao mar depois de reconstituídas as suas forças. Alguns exemplares podem ser admirados no zoo por crianças e adultos. Sobrevivem no calor com ar refrigerado e comem sardinhas adquiridas nas peixarias.

 

Em Punta Tombo está a maior colônia de pinguins com 2 milhões de indivíduos

Em Punta Tombo está a maior colônia de pinguins com 2 milhões de indivíduos

 

O pinguim-magalhãnico tem extraordinária resistência. No rigoroso inverno austral sai a procura de comida e já chegou a ser encontrado em praias do Ceará, portanto a nove mil quilômetros do seu habitat. Levam o nome do navegador Fernão de Magalhães que, em sua viagem marítima ao redor da Terra foi o primeiro que avistou a colônia dessas aves, em 1519.

 

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A pequena e única vila da Península Valdés, Puerto Pirâmide, é o ponto de saída das excursões para observação das baleias com suas crias. É uma festa para os olhos e como objetivos fotográficos. Até com câmeras de smartphone o turista sente a sensação do fotógrafo profissional pelo fato de poder congelar instantes em que os cetáceos saem a superfície e depois mergulham, deixando o enorme rabo à mostra. Mandar a foto pelas redes sociais aos amigos nos dá aquele gostinho de poder dizer:“meninos eu vi!”, “eu estou aqui!”. Os guias explicam que as baleias fazem essa pirotécnica, ficam de cabeça para baixo com a finalidade de facilitar o acesso dos seus bebês à lactação. De fato, poder ver de tão de perto o maior mamífero do planeta e sua cria é um privilégio e um espetáculo único. A baleia franca pesa entre 40 a 45 toneladas. Tem, em média, 15 metros de comprimento na fase adulta. Em junho ela dá à luz e usa como berçários os golfos seguros da península. Quando chega dezembro, com seus bebês mais fortes elas saem em busca de outras águas e chegam até as costas da Bahia, no Brasil.

 

De Puerto Pirâmide saem os barcos de borracha semi-rígidos, bastante estáveis, para levar os turistas aos pontos de observação das baleias e também orcas que por ali aparecem atrás dos filhotes de lobos marinhos, perseguidos até a praia. Guias experimentados explicam os costumes e características de cada espécie e respondem perguntas dos curiosos.

 

A baleia franca dá à luz suas crias na Patagônia e no inverno procura águas mais quentes na costa do Brasil.

A baleia franca dá à luz suas crias na Patagônia e no inverno procura águas mais quentes na costa do Brasil.

 

Para os brasileiros a Península Valdés e outros encantos patagônicos são facilmente alcançados em poucas horas de voo. A Aerolíneas Argentinas tem três horários diários que possibilitam fácil conexão em Buenos Aires, no Aeroparque, para a cidade de Trelew. A simpática cidade de 120 mi habitantes tem estrutura razoável para alojar os visitantes, está cheia de atrações como o seu Museu Paleontológico e o luxuoso cassino. De lá é possível adquirir excursões para a Península Valdés, a poucos quilômetros de distância. Várias agências de turismo no Brasil também operam em conjunto com os receptivos da Argentina.Outras atividades para fazer são mergulho, snorkelling, sandboard e o turismo rural nas estâncias da península. Na Estância San Rafael as excursões pelas veredas (senderos interpretativos) do pinguinário sempre culminam com o churrasco de cordeiro patagônico, assado no fogo de chão. Dormir na pousada, ao aconchego da lareira permite ao turista acesso a outro espetáculo inesquecível: a limpidez do céu na Patagônia permite uma visão de miríades de estrelas a olho nu. A identificação das constelações do hemisfério sul, é o jogo preferido.

 

 A VIDA SELVAGEM NA PATAGÔNIA

 

O ingresso na Peninsula Valdés é feita pelo Istmo Ameghino, onde existe um Centro de Esclarecimentos aos Visitantes. É o local onde o turista fica conhecendo todas as espécies que habitam o parque, seus costumes e as regras de proteção que devem ser seguidas. Há guardas ambientais por todas as partes, que seguem com binóculos os turistas “invasores” do santuário. De lá, nada pode ser levado e nem deixado, a não ser as suas pegadas. Os animais têm preferência nas estradas macadamizadas (rípio, como os argentinos chamam o pavimento cascalhado) por onde transitam as viaturas autorizadas para as excursões. Raposas cinzentas, guanacos e maras (espécie de lebre) são vistos cruzando as estradas e a obrigação do motorista é parar. Na orla marítima, grupos de lobos-marinhos cuidam dos seus filhotes. Há que se guardar uma distância mínima de cem metros e são proibidos gritos. Qualquer tentativa de dar comida aos animais é punida com multas. Fotógrafos e cientistas torcem para que, em algum momento orcas famintas ataquem a colônia lobos-marinhos para abocanhar algum filhote.

 

Esses tipos de ataques acontecem entre setembro a abril. As praias de pedras roliças são os lugares ideais para o ataque das orcas. Justamente porque são os preferidos para o lobinho-do-mar tomar sol e aprender os primeiros mergulhos à procura de alimentos. Os peritos chamam de “encalhe intencional” o ato de a orca investir contra a presa sem se preocupar em expor todo o corpo fora da água para abocanhar os filhotes e arrastá-los até o fundo. Praticamente surfam até a areia e confiam na sua potência de deslocamento para desencalhar e voltar ao mar. A “baleia-assassina” (orca vem de orco, “do reino da morte”) é um cetáceo de 10 metros de comprimento, comum em mares de águas frias. Os machos chegam a pesar dez toneladas.  Têm força extraordinária graças ao corpo aerodinâmico de dorso negro e barriga branca. É capaz de matar um leão-marinho com uma rabanada e ainda brincar de atirá-lo para o ar, até engolir a presa numa só abocanhada.  Esse tipo de espetáculo somente acontece na Península Valdés e em uma ilha do Oceano Índico. Existem poucas orcas que praticam esse tipo de caça ousada. As mais jovens, por falta de experiência e força física podem ficar encalhadas e morrer na praia. Na Península são apenas sete e, ver uma delas em ação é uma raridade.

 

A Península Valdés está na junção de duas correntes marítimas: uma, de águas frias que vem das Ilhas Malvinas e outra, de águas mais quentes que vem do Brasil. Esse choque de temperaturas é o ideal para a proliferação do fictoplâncton e do krill, uma espécie diminuta de camarão.  São os alimentos preferidos das baleias filtradoras. A baleia franca austral engole grande quantidade de água do mar e depois devolve o líquido fazendo-o passar pelas barbatanas da bocarra. Os fictoplânctons e krills ficam retidos e servem como principal alimento. Elas começam a chegar no mês de maio. Os machos vão logo embora e as fêmeas permanecem até parir os filhotes.  É certo avistá-las entre junho a dezembro, dos barcos que saem de Puerto Pirâmide, a 75 quilômetros de Puerto Madryn, simpática estância balneária patagônica. De Trelew são mais 16 quilômetros. O passeio para observação das baleias custa 360 pesos argentinos, e dura 1 hora e meia. Elas parecem estar acostumadas com as embarcações. Espontaneamente chegam perto, com suas crias, dão saltos e mergulham deixando a imensa cauda bífida para fora. Fotografá-las é uma consagração para amadores e profissionais. O vento sempre sopra forte na área litorânea. O turista deve se precaver com agasalho impermeável e forrado. Nesta época é até possível que faça mais de 20 graus centígrados, a pleno sol. Mas, com a movimentação do barco a sensação térmica é de 8 graus.

 

http://www.bottazzi.com.ar/

 

Há uma atração nova para os turistas: o Yellow Submarine. Anunciado como “o único submergível do mundo que oferece observações submarinas de baleias francas”. É como se você estivesse mergulhando junto as baleias. Dependendo da época do ano também podem ser vistos lobos-marinhos e golfinhos. São quarenta janelas de observação. O serviço funciona de junho a dezembro. Na alta temporada a tarifa é de 1.280 pesos. Menores de 12 anos pagam a metade.

 

http://www.yellowsubmarinearg.com/

 

Em Punta Loma e El Doradillo, áreas de fauna natural protegida é possível fazer a observação de baleias desde a terra firme, em um dos vários promontórios. É a maneira de economizar nas tarifas de excursões por barcos. São áreas próximas de Puerto Madryn.

 

NADANDO COM OS LOBOS-MARINHOS

 

As águas do Golfo Nuevo são consideradas as melhores da Argentina para mergulhos. São águas tranquilas e cristalinas, com visibilidade de até 20 metros. É possível fazer observações com snorkel – viseiras e tubos de respiração de superfície. Os lobos-marinhos, atraídos pela curiosidade chegam a roçar nos turistas. A água é fria, por volta de 10 graus, mas as empresas especializadas alugam trajes de neoprene, nadadeiras (pés-de-pato) e tudo o mais para que o turista tenha a sua aventura com total segurança. Nem é preciso saber nadar. Crianças de sete anos e adultos na terceira idade praticam o esporte, sem problemas. Mesmo os deficientes físicos podem fazer snorkeling porque existem barcos com acesso facilitado, cadeiras de rodas anfíbia e pessoal treinado para lidar com as necessidades de cada incapacitado. Para os iniciados há possibilidades de mergulhos em locais onde navios foram afundados para criar berçários artificiais para os peixes, como se fossem corais. Há cavernas, fendas nas rochas e recifes para todos aqueles que desejam se iniciar na atividade ou para os mergulhadores mais experimentados. Os custos chegam a 1.200 pesos por pessoa e dependem da velocidade dos ventos que podem turvar a água e prejudicar a visibilidade.

 

Paramentado para nadar com os lobos-marinhos

Paramentado para nadar com os lobos-marinhos

 

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Entre julho e dezembro a visibilidade da água é muito boa. Próximo das áreas urbanas, tanto de Puerto Madryn como de Puerto Pirâmides, com o snorkel são avistados cardumes de peixes, caranguejos, anêmonas-do-mar, estrelas-do-mar e invertebrados.

 

AVENTURAS COM OS PANDAS DO MAR

 

Rawson é a capital Província de Chubut. Na desembocadura do Rio Chubut, a dois quilômetros do centro urbano está o porto do mesmo nome de onde saem os barcos para observação das toninhas overas. Esta espécie de golfinho também é chamada de “panda do mar” por causa do dorso branco, cabeça e nadadeiras pretas. É a menor da espécie e não ultrapassa um metro e meio de comprimento. Velozes barcos de borracha rígida conduzem os turistas aos locais que fazem parte do habitat das overas. É o mais rápido dos golfinhos, pois atinge até 60 quilômetros horários. A toninha overa faz da sua capacidade natatória uma diversão. Dão saltos, mergulham sob os barcos, voltam à superfície, mergulham novamente sempre aprontando surpresas sobre o local de onde vão reaparecer, para desespero dos fotógrafos. Em bandos de três ou quatro indivíduos tornam-se extremamente curiosas. Aproximam-se dos barcos como se estivessem cumprimentando os passageiros.

 

O golfinho overa, chamado de “panda do mar”, nada próximo às embarcações

O golfinho overa, chamado de “panda do mar”, nada próximo às embarcações

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Os turistas acompanham com suas câmeras, com o dedo no disparador para ver se conseguem congelar ou filmar o salto que chega a mais de um metro acima da superfície da água. A excursão por barco dura 1h15m, custa 500 pesos para adultos e 250 pesos para menores de 10 anos.

 

SUNDANCE KID & BUTCH KASSIDY E SAINT-EXUPÉRY

 

A cidade de Trelew, de 120 mil habitantes, forma com Rawson e Puerto Mandryn um triângulo perfeito para a exploração da fauna marítima e terrestre, para conhecimento dos sítios paleontológicos e o turismo de aventura. O aeroporto internacional opera com aeronaves de todo porte. A localização estratégica de Trelew facilita a organização de visitas aos distintos atrativos culturais e naturais da região. O nome da cidade vem do gaélico tre, “povoado” e de Lewis, “Luis”, o nome de um dos líderes da primeira leva de imigrantes que veio do País de Gales. A cidade é um importante ponto na Ruta Nacional 3, que vai de Buenos Aires até Ushuaia, com 3.063 quilômetros de asfalto (sem buracos).

 

Segundo a lenda, no início do século passado estiveram por lá os famosos bandoleiros Sundance Kid e Butch Cassidy. Em 1900 eles roubaram 32 mil dólares – uma fortuna considerável, na época – do First National Bank, nos Estados Unidos. Fugiram para a América Latina, passaram pelo Peru, Bolívia, Chile, até chegarem na Patagônia. No filme sobre a dupla, com Robert Redford (1960) eles são mortos durante um cerco pelo exército boliviano. O Hotel Touring Club, na Av. Fontana, em Trelew, guarda documentos da passagem de ambos. Também lá se hospedou várias vezes o piloto-escritor Antoine de Saint-Exupéry. Foi o fundador e primeiro piloto da Aeropostale Argentina, em 1929. Escreveu o livro “Correio Sul” e “Correio Noturno”, contando os seus voos sobre a Patagônia, que amava. Durante uma tempestade de neve, o seu companheiro Guillaumet perdeu-se nos Andes. Durante semanas Saint-Exupéry procurou o colega sobrevoando cumes de 6.500 metros de altura com o seu Laté 25, de uma tonelada. Guillaumet nunca foi encontrado. O autor disse no seu livro que “a montanha andina devora os que ousam desafiá-la”. Dizem que o escritor francês, no seu célebre livro “O Pequeno Príncipe”, inspirou-se no perfil geográfico da Península Valdés que lembraria o contorno da jibóia que engoliu um elefante.

 

Durante a ditadura militar o mundo ficou estarrecido com notícias do massacre de militantes tupamaros, na sua base militar. Na Guerra das Malvinas, de lá saíam os voos para atacar a frota britânica. Mais de sessenta pilotos e militares perderam a vida enfrentando a bem superior tecnologia de guerra dos ingleses. Os aviões eram abatidos por mísseis. A coragem desses bravos combatentes é reverenciada no seu aeroporto.

 

CHÁ COM LADY DI

 

O impacto do pioneirismo dos galeses em Chubut há 150 anos, ainda é sentido em Gaiman, a 15 quilômetros de Trelew, e também em Trevelin, já nos contrafortes dos Andes. Os colonos trabalhavam em minas de carvão no País de Gales. Não tinham prática no trato da terra, muito menos com o semi-árido inóspito da estepe patagônica. Perceberam que a terra era fértil, rica em fosfato. Só faltava a água. Estabeleceram-se ao longo do Rio Chubut, fizeram canais de irrigação e transformaram a região num horto verdejante. Ainda são seguidos os traços culturais que os galeses deixaram. A primeira Capela Bethlehem de cultos calvinistas e anglicanos, reconstruída em 1907, depois de uma grande inundação que arrasou a anterior. A escola primária de Gaiman ensina em idioma galês, que só é ouvido no país de origem. Somente em Gales e na Patagônia é realizado Eisteddfood (“estar sentado”), o festival celta de origem medieval. Trata-se de um culto às palavras do idioma mais antigo do mundo, em composições poéticas poema e letras de canto coral.

 

A princesa de Gales, Lady Diana, esteve em Gaiman em 1995 para homenagear o feito dos seus antepassados. Esteve na Casa de Chá Caerddyd (Cárdiff, em galês), local muito procurado pelos turistas de todas as nacionalidades, pela beleza dos seus jardins e qualidade dos doces. O serviço de chá é acompanhado de pão, manteiga e doces caseiros, queijos e tortas, entre elas a de creme de maçãs (teisenhufen). A lembrança tradicional da visita é degustar e levar a Torta Negra (teisenddu), criada e elaborada unicamente pela colônia galesa de Chubut. Atualmente existem pelo menos sete diferentes receitas “secretas” guardadas a sete chaves pelas famílias respectivas. O proprietário do Te Caerddyd só informa que a sua torta não leva ovos, tem frutas negras e amêndoas. Permanece três horas no forno para assar, a diferentes temperaturas. Lady Di é venerada com um “altar” com sua foto e flores frescas, na casa de chá.

 

Em Gaimán, a 15 quilômetros de Trelew, tomar chá é uma tradição herdada dos colonos galeses.

Em Gaimán, a 15 quilômetros de Trelew, tomar chá é uma tradição herdada dos colonos galeses.

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A princesa Diane visitou a cidade.

A princesa Diane visitou a cidade.

 

NA TERRA DOS MAIORES DINOSSAUROS

 

Na mesma região de Gaiman foi descoberto um dos mais importantes sítios paleontológicos do mundo. Graças às descobertas e a legião de cientistas que reúne, oMuseu Paleontológico EgidioFeruglio,em Trelew, é hoje o mais importante da América Latina. Lá se podem ver ossos do tirannotitanchubutensis, restos da maior criatura já encontrada, com cem milhões de anos. Pelos cálculos media 20 metros de altura e quarenta metros do focinho à ponta do rabo. Pesava 80 toneladas, o que corresponde ao peso de 14 elefantes adultos. Era herbívoro. No museu há outras carcaças reconstituídas, como a do hippiction, ancestral do cavalo de 2,5 milhões de anos e do taxodonte. As escavações levaram três anos para obter os primeiros resultados, e ainda continuam. No laboratório do museu são vistos técnicos trabalhando para retirar, com talhadeiras, as rochas que se formaram agregadas às estruturas ósseas. Uma visita imperdível.

 

O Museu de Trelew é o mais completo da América do Sul em Paleontologia

O Museu de Trelew é o mais completo da América do Sul em Paleontologia

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*TEXTO E FOTOS: ZARCILLO BARBOSA

Eliane Barbosa
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