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PARIS, SEMPRE PARIS

PARIS, SEMPRE PARIS

Não basta uma, duas ou dez vezes. Paris sempre atrai. Inclusive em lugares inusitados

(2ª parte)

 

 

Quando você pensa que viu tudo em Paris, tem muito mais. Até os cemitérios são atrações. Para o Père Lachaise há romarias para ver o túmulo de Chopin, sempre com rosas vermelhas.

 

Outra sumidade enterrada no cemitério é Léon Hippolyte Denisard Rivail, conhecido como Allan Kardec, o codificador do espiritismo. Além dele, os muros do cemitério ainda guardam as marcas das balas dos fuzilamentos ocorridos na sangrenta comuna de Paris, (1871), aquela batalha que você assistiu no filme “Os Miseráveis”, baseado no romance de Victor Hugo. Morreram 20 mil.

 

Túmulo de Chopin no Cemitério do Père Lachaise (divulgação internet)

 

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Homenagem aos mortos na Comuna de Paris

 

 

Até os esgotos encantam

 

Se você pensa que finalmente acabou, há uma excursão aos esgotos de Paris. O visitante vai saber por que o Sena, que atravessa uma cidade de mais de 4,5 milhões de habitantes não é poluído. É comum ver pescarias de anzol nas suas margens e que rendem bagres de mais de 15 quilos. As estações de tratamento de esgotos são moderníssimas. As águas são tratadas numa usina em dornas verticais de aço inox. Não é à toa que o Fantasma da Ópera conseguia viver sob as abóbodas imensas dos subterrâneos, onde as águas escorrem límpidas e sem dar margem a enchentes.

 

Musee des egouts

Musee des egouts

 

www.parisinfo.com/Musee-des-egouts-de-Paris

 

 

SOBRE O RIO SENA

Um cruzeiro romântico com jantar a bordo

 

Em Paris a agitação da atividade fluvial nunca para. Com 777 km de extensão, o Rio Sena atravessa as cidades de Troyes, Paris, Rouen e Le Havre. Paris tem 37 pontes sobre o Sena, que é o centro da vida dos parisienses. Numerosas empresas de transporte movimentam centenas de passageiros em excursões pelo Sena, casas-barco enfileiram-se nas margens, barcaças entregam mercadorias em docas espalhadas ao longo do rio.

 

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O Rio Sena sob diversos ângulos (Zarcillo Barbosa)

 

 

Existe o Batobus (www.batobus.com), que opera no transporte de turistas e moradores entre monumentos. Os Bateaux Parisiens (www.bateauxparisiens.com) e Bateaux Mouche (www.bateaux-mouches.fr) proporcionam cruzeiros tradicionais com almoço ou jantar. O barco, largo e confortável, cheio de mesinhas com abajures, guarda uma atmosfera romântica. Tudo ao abrigo do tempo por um teto de plexiglas transparente. A partida, no início da noite, é ao pé da Torre Eiffel, a esta altura toda iluminada, no cais de La Bourdonnais. Música ao vivo, garçons solícitos, champanhe, uns tira-gosto como aperitivo e lá vamos nós.

 

Os monumentos, em Paris, são todos feericamente iluminados. Vê-se perfeitamente Les Invalides, a Assembléia Nacional, Museu d´Orsay, a Concorde, o Louvre, La Conciergerie – onde esteve presa Maria Antonieta aguardando o cadafalso armado na Praça, hoje chamada da Concórdia. O Castelinho (Chattelet), como os franceses o chamam, foi edificado em 1310 por Felipe IV, o Belo.

 

Em seguida vem a Catedral de Notre Dame, o L´Hôtel de Ville (Prefeitura) e a Biblioteca Nacional já em La Defense, o ultramoderno bairro da cidade. Foi inaugurada em 1996. São quatro torres em forma de livros abertos sobre uma floresta de um hectare. Contêm mais de 12 milhões de obras. Na volta do barco você já comeu o foiegras, provou a carne tenra de vitelo, tomou na entrada um Mâcon-Fuissé divino e no prato de resistência o excelente Bordeaux Pomerol.

 

O garçom, impecável, que fala a língua que você preferir (português já seria exigir de mais), após o principal começa a servir queijos variados. Melhor pedir um pedaço de cada. É tudo ótimo, principalmente o chèvre (leite de cabra). Quando o barco passar em frente ao Palais Chaillot é o momento da sobremesa. Provavelmente você vai pedir um bolo de chocolate quente com sorbet e licor de menta.

 

E as Pontes do Sena? São espetáculos à parte. Bonitas por cima e por baixo. Aquela doada pelo czar Alexandre III e que leva o seu nome é uma obra de arte. Pont Royal, Pont Neuf. Lindo! O barco chega na Estátua da Liberdade, réplica daquela oferecida pelos franceses a Nova York em 1889. Foi criada por Bartholdi e Eiffel para celebrar a amizade franco-americana.

 

 

Pont Alexandre III e os turistas no Bateaux-Mouches

A Pont Alexandre III durante o dia e os turistas no Bateaux-Mouches

 

 

Desembarcamos no cais e a esplanada da Torre Eiffel, os jardins do Trocadero, o Champs de Marts continuam lotados de turistas. Resta voltar para casa, de metrô. Dependendo do menu escolhido, da alta cozinha fusion francesa, o turista vai gastar 168 euros por pessoa. Se não fizer falta e, dependendo da companhia, será um passeio inesquecível, mesmo que ela rejeite o bordeaux para pedir cerveja. O garçom vai deixar escapar um argh…

 

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O interior do barco e a vista (divulgação internet)

 

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Passeio noturno com jantar no Bateaux Mouche

 

 

Show de luzes, sons e cores

 

Os grandes espetáculos da noite parisiense são programas que turistas do mundo inteiro não dispensam. O Lido, na linda Avenida dos Campos Elíseos, 116, perto do Arco do Triunfo, está apresentando a revista “Bonheur”, cuja montagem e guarda-roupa custaram milhões de euros. Os cenários riquíssimos, de águas dançantes e até avião cruzando o teto, incluem vedetes “aunaturelle”, onde silicone não é permitido. Tudo tem que ser original, conforme a tradição do cabaré.

 

No início a orquestra “Live” toca para quem quiser dançar. Depois vem o show. Os preços variam conforme a opção. Com meia garrafa de champagne ou de vinho por pessoa, sem refeição, sai por 145 euros. Com jantar, de acordo com o menu escolhido, o preço sobe. Tem a turma da galeria, a seco, por uns 99 euros. Confira no www.lido.fr.

 

Outro jantar-espetáculo é o do Bobin´O em Montparnasse, na Rue de La Gaité (Metro Gaité), com uma proposta diferente. Fala-se português. Começou a funcionar no início deste ano depois de um investimento de 14 milhões de euros. Os garçons e recepcionistas viram artistas, e dos bons. Há uma interação com a plateia e, de repente, você também poderá pôr para fora a sua veia artística.

 

Bobin'O, a célebre sala de music-hall no quartier de Montparnasse

Bobin’O, a célebre sala de music-hall no quartier de Montparnasse

 

Números de mágica nas mesas, garotas bonitas, alegria, muitas luzes e as velhas canções francesas misturadas com o repertório internacional. O menu também é um espetáculo à parte. Totalmente diferente, com comidinhas variadas, exóticas e de sabores indescritíveis. Vale conferir: www.bobino.fr.

 

 

OS MUSEUS IMPERDÍVEIS

 

Museu do Louvre

 

O Louvre não é um museu, mas, pelo menos, sete museus, cada qual correspondendo a um dos seus sete departamentos em que se divide: antiguidades orientais, antiguidades egípcias, greco-romanas, pintura, escultura, objetos de arte e artes gráficas. Pela abrangência e importância do acervo, um museu impossível de ser visto de uma vez e, portanto, sempre novo, sempre a ser descoberto.

 

Além de conferir as coleções da instituição, com suas Mona Lisa, Vênus de Milo e Vitória de Samotrácia, o visitante pode ver exposições transitórias, como “As jóias de Luis XIV”. A não ser que seu objetivo seja mergulhar de cabeça na coleção do museu, siga para lá tendo em vista o que deseja ver. A entrada é pela pirâmide de vidro. São distribuídos mapas em espanhol e outras línguas para orientar o turista onde estão as obras principais.

 

A Pirâmide do Louvre (Zarcillo Barbosa)

A Pirâmide do Louvre (Zarcillo Barbosa)

 

 

Depois do sucesso do romance de Dan Brown, “O Código da Vinci”, e o filme, as estrelas máximas citadas estão em alta. O antigo maior palácio do mundo e, hoje, provavelmente o maior museu do mundo, tem sete quilômetros de corredores com obras de arte. Há até roteiros turísticos pelos pontos do museu e da cidade onde se passa a busca do Santo Graal pelo professor de simbologia Robert Langdon e a investigadora Sophie Noveau.

 

O best-seller ajudou a aumentar de forma considerável o número de visitantes do museu. Só de brasileiros são mais de 300 mil visitantes. Ao todo são 10 milhões de pessoas ao ano que passam pelo Louvre.

 

O museu foi aberto ao público em 1793, durante a Revolução Francesa. Até então tinha sido residência real. O conjunto foi iniciado por Felipe Augusto e sua construção continuou durante os períodos de Carlos V, Francisco I, Catarina de Médicis, Herique IV, Luís XIII, Luís XIV e Napoleão I, tendo sido terminado por Napoleão III.

 

Em 1996 foi feita uma grande reforma e criado um centro de acesso e recepção com a gélida pirâmide de cristal, projeto do arquiteto chinês I. M. Pei. Debaixo dessa pirâmide estão as bilheterias e os corredores que se irradiam com auditórios, salas de exposições temporárias, livrarias e restaurantes. A instalação da pirâmide foi polêmica, provocando críticas de ordem histórica, estética e funcional. São 60 mil metros quadrados de superfície de exposição e 22 mil metros quadrados de recepção e serviços públicos.

 

Place du Carrousel, em frente ao Louvre (Atout France/Michel Angot)

Place du Carrousel, em frente ao Louvre (Atout France/Michel Angot)

 

 

O Louvre está no coração de Paris, entre o rio Sena e a rue de Rivoli, repleta de lojinhas que vendem camisetas, chaveiros e outros suvenires. Existem fones de visita guiada, disponíveis em inglês, francês e espanhol. Custam cerca de 5 euros. Você enfrentará filas para ver as obras principais de Leonardo da Vinci, Renoir, Rembrandt e outros gênios da pintura. As máquinas fotográficas não são proibidas, mas o uso do flash deve ser evitado para não danificar as cores das pinturas.

 

Se sobrar fôlego visite também o Jardindes Tuilleries, um espetáculo à parte com suas estátuas, fontes e lagos bem cuidados, envoltos por prédios de construções antigas e imponentes. Foi feito para os passeios de Catarina de Médicis e a nobreza da época de antes da construção do Palácio de Versalhes.

 

A entrada custa 8,50 euros. Abre todos os dias das 9h às 18h. Menores de 18 anos não pagam. Todo primeiro domingo do mês é de graça para todos. No final da tarde, depois das 15h, as tarifas são reduzidas para 6 euros. Para ir até lá, pegue Metro Palais-Royal/Muséedu Louvre. Mais informações no site www.louvre.fr.

 

 

Museu d´Orsay

 

A instituição, conhecida como o museu do impressionismo, na verdade cobre um período mais extenso, que vai de 1848 a 1914, ou seja, inclui movimentos que antecederam e se seguiram à época de Monet, Manet, Degas, Renoir, Van Gogh, Gauguin e outros artistas.

 

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O emblemático relógio da antiga estação de trem, transformada no Museu D'Orsay DSC01431

O emblemático relógio da antiga estação de trem, transformada no Museu D’Orsay (Zarcillo Barbosa)

 

 

O Museu d´Orsay mantém uma coleção de obras de Rodin e da sua arrebatada amante Camile Claudel. O prédio que abriga o museu foi a estação de trens de Orleans, totalmente restaurada e conserva o seu grande relógio dourado, outra obra de arte. Se a fome bater, no 5º andar existe um café que serve sanduíches e saladas a preços módicos (para eles). A entrada para o museu custa 7,50 euros. Aos domingos sai por 5,50 euros (www.musee-orsay.fr).

 

 

Museu do Exército

 

O Museu do Exército ou L’Hôtel National des Invalides é outra opção de passeio entre os museus parisienses. Até a época de Luís XIV não existia lugar para receber os soldados inválidos. Em 1671, Luís XIV decide criar os Inválidos, destinado a recolher os veteranos das suas guerras.

 

Verdadeira cidade em miniatura, durante o final do século 17 tinha 4.000 pensionistas. Ainda existe ali um Hospital Militar, mas grande parte abriga coleções de armas e o túmulo de Napoleão, na Igreja do Domo.

 

O Palácio dos Inválidos, onde está o túmulo de Napoleão Bonaparte (Zarcillo Barbosa)

O Palácio dos Inválidos, onde está o túmulo de Napoleão Bonaparte (Zarcillo Barbosa)

 

 

Em volta do túmulo em mármore vermelho (pórfiro da Finlândia) de Napoleão estão as sepulturas de outros militares célebres, como Turenne, Vauban, Foch e de familiares do imperador. A sua obra militar é representada pelas “Vitórias” que rodeiam a cripta e cujos nomes estão gravados no mármore: Austerlitz, Iena, Marengo…

 

O túmulo em mármore vermelho

O túmulo em mármore vermelho

 

 

Existem dependências com uma completa coleção de armas e armaduras dos séculos 13 a 16; arcabuzes e mosquetes; heranças da cultura guerreira das civilizações otomana, persa, mongol, chinesa e japonesa. Única no mundo.

 

As duas Guerras Mundiais (1914-1918 e 1939-145) também estão documentadas em sete salões articulados. Há armas e veículos da época. Existe um bilhete único para todas as dependências a 7,5 euros. Aberto das 10h às 17h agora no outono-inverno. Rue de Grenelle, 129. Metrô Invalides, Varenne, Latour-Maubourg. Informações no site www.invalides.org.

 

 

Mais opções

 

O Museu Carnavalet fica no bairro do Marais (metro Saint-Paul, linha 1 ou Chemin-Vert, linha 8), na Rue de Sevigné, 23. Conta a história de Paris e conserva coleções que ilustram a evolução da cidade, da pré-história aos nossos dias. A entrada é gratuita.

 

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Jardim do Museu Carnavalet (Zarcillo Barbosa)

 

 

Já o Museu Picasso reúne a maior coleção do pintor cubista, incluindo esculturas doadas pela família após a sua morte, como compensação a pagamento de impostos. Fica na Rue de Temple, perto do Carnavalet.

 

O Centro Georges Pompidou é um prédio moderno na Place Beaubourg, no Marais. Na verdade é um centro cultural com exposições temporárias, biblioteca e outros atrativos. Tem um restaurante no teto com vista para a cidade.

 

No Museu do Erotismo, esculturas, gravuras, pinturas, móveis e objetos. Da África, da América, da Ásia e da Oceania. São 2.000 peças que provam ser o erotismo um elemento inerente à existência humana. Também é cultura. Por que não? Abre às 10h e fecha às 2h, commeilfault. Deixe o preconceito de lado e vá a Pigalle. Depois do Moulin Rouge o museu é uma boa pedida. Há uma lojinha com papelaria, livros e objetos com motivos eróticos, naturalmente. Boulevard de Clichy, 72, metro Blanche (www.erotic.museum.com).

 

 

Anote bem

 

  • As autoridades francesas costumam exigir seguro-saúde. Faça um de US$ 4 por dia, à venda nas agências de turismo.
  • Paris também tem a sua rua 25 de Março. Fica na estação do metrô Besandés-Rochechuart. Para quem não pode voltar com as mãos abanando é ótimo. Mercadorias pagas em euro são sempre mais caras do que as avaliadas em real. As únicas mais baratas na França são o vinho e os queijos. Magníficos!
  • O turista pode comprar um passe para todos os museus, com validade de um, dois ou três dias. Fica mais barato se for para visitar vários deles.
  • Também para o metrô pode ser comprado um passe com duração de um ou vários dias. A unidade sai mais barata. Os passes são os mesmos para os ônibus. Se não quiser comprar o passe porque não vai viajar tanto assim, o carnê de dez bilhetes é a solução. Peça “carnê de dibilhê”.
  • Economize no almoço – hotéis simples oferecem o café da manhã buffet por preços em torno de 8 euros – para gastar no jantar. Também há muitas feiras pela cidade onde se pode comprar pães, queijos e fazer um picnic em uma praça.

 

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Feira no bairro do Marais

Feira no bairro do Marais (Zarcillo Barbosa)

 

 

  • Não deixe de participar dos jantares-espetáculos do Lido, Bonino e do Bateux Parisienses. Este romântico, num barco-restaurante que percorre o rio Sena e com paisagens deslumbrantes, incluindo a Torre Eiffel.
  • Anote o site do Escritório de Turismo de Paris: (www.parisinfo.com).
  • Para maiores informações sobre turismo na França, consulte www.franceguide.com (site inteiramente em português).

 

*Texto: Eliane Barbosa e Zarcillo Barbosa

*Créditos foto capa: Atout France/Maurice Subervie

Eliane Barbosa
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