
PANORAMAS SUÍÇOS – BERNA
Roteiro encantador por Berna, Lucerna, Zurique e Interlaken, cidades encantadoras de um país com todos os diferenciais: a Suíça
*Texto e fotos: ELIANE BARBOSA
Seus bancos são poderosos, concentrando grandes fortunas. Mas como o assunto aqui é turismo esqueça esse “pequeno” detalhe e pense num país com belezas naturais únicas, meios de transporte eficientes e cartões-postais tão preciosos que receberam título de patrimônio da humanidade pela Unesco. Três no mínimo: o centro medieval de Berna, sua pacata capital, os glaciares de Jungfraujoch (leia mais no próximo post) e os castelos de Bellinzona.
E vá em frente. Num lugar onde é possível pedalar depois das dez da noite, onde jardins de rosa são um deleite, onde a fome é saciada com batata rosti, raclette e chocolate, em cidadezinhas banhadas por imensos lagos azuis e rios de água potável. E mais. Em casas que lembram os contos de fadas, assobradadas (com dois ou três pavimentos), impecáveis, com cortinas de renda nas janelas e floreiras repletas de gerânios vermelhos, flor símbolo do país. Presente até mesmo nos postes de iluminação e chafarizes.
A Suíça é o país da precisão. Tanto em seus relógios famosos como nos trens, navios, teleféricos, funiculares e ônibus. Se a sua viagem estiver marcada para 10h04 saiba que às 10h05 não haverá mais ninguém no embarque. Pontualidade, segurança e eficiência.

A estação central de trem de Berna (Bern Bahnof) chama a atenção pela beleza, funcionalidade e segurança

Os pets têm registros na Suíça, viajando sem problemas com seus donos nos mais diversos meios de transporte
Berna, sua capital, tem pouco mais de 130 mil habitantes. Imagine a tranquilidade. Hospedando-se no centro medieval ou nos bairros do entorno você verá as torres das igrejas e ouvirá o som dos sinos informando as horas. Coisa rotineira em todos os 26 cantões (regiões), que fazem divisa com a Alemanha, França e Itália. Por conta dessas “três suíças” os moradores falam vários idiomas incluindo ainda o dialeto romanche, além do inglês que é universal.
Para os visitantes o fato dos suíços serem poliglotas facilita muito nas lojas, restaurantes, nos hotéis. A simpatia de sua população é contagiante. Fazem questão de tratar bem o turista.
Passeando pela cidade
Berna é uma das cidades mais agradáveis de toda a Europa. Poucas no mundo conseguiram o feito de preservar tão bem suas características históricas. Perfeita para passeios por seu centro medieval e lugares únicos caso do BärenPark, o Parque dos Ursos, ao lado da Ponte Nydegg sobre o rio Aare que serve de morada para três ursos que encantam principalmente os pequenos: Björk, Fin e Ursina.

O Bären Park fica ao lado da Ponte Nydegg; de longe o visitante pode ser os ursos que moram lá em suas atividades cotidianas
De longe avistam-se as torres das igrejas, os telhados do centro velho e o rio Aare, num cenário de total tranquilidade.
É uma delícia caminhar por suas ruas limpas e galerias cobertas, conhecidas como Lauben, percorrer as distâncias de ônibus ou de trem e pedalar. Em Berna, como em toda a Suíça, há inúmeras paradas para se alugar o equipamento. De dia e de noite, homens e mulheres circulam pelas ruas sobre duas rodas. Este é o segredo da boa forma da maioria dos suíços, que comem bem e são, na maioria, elegantes.

Em vários pontos há postos para aluguel de bicicletas, uma excelente maneira de conhecer toda a cidade
A estação central de trem funciona todos os dias das 6h à meia-noite (Bahhofplatz 10 CH-3011, Bern) e tem tudo o que o passageiro precisa. Restaurantes, lojas, estabelecimentos especializados em chocolate – a Bachmann, por exemplo), cerveja e vinho.
Berna, além de oferecer roteiros para passeios imperdíveis, funciona também como base para quem quer conhecer toda a Suíça ou pelo menos percorrer o norte dos Alpes ou viajar para outros países europeus. A viagem de trem até Paris não passa das cinco horas. Lucerna, Zurique, Lausanne, Montreaux e Genebra ficam a apenas 1h a 1h30 de distância de trem.
11 fontes e as imagens
As 11 famosas fontes de água de Berna datam da Idade Média, contando com colunas coloridas e desenhos que contrastam com as paredes cinzas das fachadas dos prédios antigos. Substituíram por volta de 1550 as antigas, de madeira, revelando a riqueza da burguesia da época. Atualmente preservam a história, a prosperidade e acontecimentos do passado.
Não deixe de fotografar as mais conhecidas – Justiça Fountain ou Gerechtigkeitsbrunnen, Zahringen Fountain ou Zahriengerbrunnen.
As mais de 100 fontes de Berna desempenharam no passado papel fundamental para o abastecimento de água, sendo ainda ponto de encontro. As mulheres, no passado, também as usavam para lavar roupa. A mais antiga é a Fonte de Len (Lenbrunnen), acessível apenas com visita guiada.
O centro medieval de Berna, tombado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade, é uma graça, com suas ruelas e casas de arenito que fazem os visitantes viajarem no tempo.
Olhando para cima: a Zytglogge
Chegue um pouco antes das horas cheias para acompanhar o espetáculo. Perto das 18 horas tenha certeza que haverá uma multidão em frente à torre do relógio para ver uma cena que ficará para sempre em sua memória: um galo de latão posicionado no canto esquerdo do grande círculo abrindo as asas e soltando seu cocoricó.
A atração prossegue com o sino tocando, um boneco balançando a cabeça para a direita e o outro respondendo com o movimento inverso. E novo cocoricó, desta vez do galo da direita. Visitas guiadas levam ao interior da Torre do Relógio. Basta subir as escadas estreitas para se maravilhar com os detalhes dos relógios.
Os originais da Zytglogge foram substituídos pelos atuais em 1530, quando apareceu o relógio astronômico. Indica os dias do mês, a semana, as estações, fases da lua ,o posicionamento da Terra em sua órbita e até os signos.
Todos os dias, sempre nas horas cheias isso acontece na Zytglogge (torre do relógio) antigo portão de entrada de Berna e postal da cidade que fica na Kramgasse, a rua principal do centro velho.
Atravessando o arco você estará entrando no centro velho, charmoso, construído no século 15 que fazia parte dos muros que protegiam a cidade. É repleto de construções históricas e como já dissemos, considerado patrimônio da humanidade em 1983.
Pelo caminho, sobrados estreitos parecem combinar no tamanho de suas ruas com calçamento de pedra, praças e igrejas. Tudo concentrado nessa península margeada pelas águas do rio Aare, propício para banho e com tonalidade que atrai todos os olhares.
A catedral gótica
Depois de caminhar pelas ruelas e construções monocromáticas em tons que vão do verde escuro ao cinza os turistas param para fotos diante da torre de 101 metros da catedral, Münster, construída em estilo gótico entre 1421 e 1893.
Não há muitas imagens de santos dentro dela. A explicação vem da Reforma Protestante, que destruiu quase tudo do ex-santuário católico. Como consolo restaram os vitrais e pinturas registradas em todo o teto.
O pescoço vai doer mas vale a pena esticá-lo para ver uma imagem espetacular, a preservada pelo protestantismo: A cena, esculpida em 1470, logo acima da porta principal, retrata de um lado almas boas vestidas de branco sendo levadas para o céu pelo Arcanjo Miguel e do outro, as más, nuas, se encaminhando para o inferno.
Entre elas até mesmo o papa. Relembre sobre os Borgia, entre outros papas de séculos passados e você poderá concordar ou não com a excentricidade da cena.
Contam os guias que esse retrato de igualdade perante Deus era tudo o que queriam os reformistas e salvou a obra da condenação.
Galerias cobertas e a boa mesa
Pode chover que caminhar pelo centro medieval não molhará sua roupa ou seu cabelo. Isso por conta dos seis quilômetros de galerias e arcadas cobertas construídas sobre o piso original transformadas em calçadas.
A construção surgiu depois que um incêndio de grandes proporções consumiu os antigos edifícios de madeira. Madeira queimada retirada, deram lugar às galerias atuais, de alvenaria, que desde 1405 protegem, em sua parte que margeiam as ruas, os transeuntes durante seus passeios e compras. Ou seja: a ideia foi aproveitar a parte inferior como calçadas cobertas para os transeuntes. E deu certo, tornando a cidade medieval ainda mais interessante.

Nos subterrâneos dos seis quilômetros de galerias cobertas funcionam restaurantes, lojas e todo tipo de serviço
Happy hour nas calçadas
É um charme só passear pelas galerias arqueadas, entrar nas lojas elegantes, restaurantes e “confiseries”, que oferecem o melhor da gastronomia suíça incluindo doces típicos de todos os seus cantões.
Próximo ao centro fica o Kornhauskeller, restaurante com ambiente único, imenso e secular. Foi construído entre 1711 e 1718, em arenito com o teto repleto de afrescos do pintor suíço Münger. Um lugar único para você se deliciar com a gastronomia dos alpes – www.bern.com/restaurant-kornhauskeller
Estive lá em setembro e o tempo estava ótimo. Como boa apreciadora de cervejas regionais, claro que parei e sentei nas inúmeras mesinhas postas nas calçadas lotadas para o happy hour.
Cerveja boa e café são muito apreciados pelos berneses que durante os meses quentes ficam por lá apreciando o vai e vem de pessoas até altas horas. Em Berna há fábricas de cervejas artesanais que são “uma loucura”. Prost!

Rodada de cervejas artesanais na Altes Tramdepot (Velho Depósito de Bondes) – Grosser Muristalden,6- CH -3066- Bern
Saiba mais
Münster – Münsterplatz 1: Funciona, no verão, aos domingos, das 11h30 às 17h, e de terça a sábado, das 10h às 17h; no inverno, aos domingos, das 11h30 às 14h, de terça a sexta, das 19h às 12h e das 14h às 16h, e aos sábados, das 10h às 12h e das 14h às 17h.
Einstein Haus: Todos os dias, das 10 às 17 horas. Entrada: 6 francos. Kramgasse 49 – www.einstein-bern.ch
Cervejas artesanais: Altes Tramdepot (Velho Depósito de Bondes) – Grosser Muristalden,6- CH -3066- Bern. O restaurante avarandando tem vista privilegiada da Cidade Velha. Especial para você se encantar ainda mais com Berna enquanto prova uma rodada de boas cervejas feitas por eles. O edifício data de 1889 e o restaurante funciona desde 1998. Para acompanhar as cervejas, peça pratos típicos suíços que devem incluir a tradicional salsicha branca (Weisswurt) – www.altestramdepot.ch
Rose Garden
– Almoçando entre roseiras –
O Rose Garden é um grande parque com vista espetacular da Cidade Velha de Berna e do rio Aare. É o lar de 220 tipos diferentes de rosas, entre outras flores. Foi, entre 1765-1877, um cemitério. De 1956 a 1962 foi redesenhado, apresentando além da rainha das flores, outras espécies raras.
Depois de caminhar e se encantar com esse paraíso multicolorido entre e aproveite para almoçar. O restaurante envidraçado Rosegarten tem vista magnífica desse lugar espetacular.

No restaurante envidraçado do Rose Garden e em tantos outros restaurantes não faltam cervejas especiais e o melhor da gastronomia suíça
As paisagens mudam dependendo da estação de sua viagem. Até novembro os dias ensolarados prevalecem na Suíça, mostrando aos visitantes outros cartões postais que incluem flores, inúmeras flores. Elas estão nos parques, nas floreiras e varandas das casas que vão se sucedendo nos campos, cidades e vilas.
Flores, campos verdejantes, picos nevados e vacas com sininhos que não comem uma grama qualquer, mas somente pastos selecionados, tornam a viagem ainda mais relaxante.
Os ursos e as pontes
Berna como se vê tem muitos encantos. A pitoresca cidade velha, emoldurada pelo rio Aare oferece vistas espetaculares dos Alpes. Conta com seis quilômetros de edifícios de pedra calcária e arcadas medievais. Renascentistas, suas fontes com figuras coloridas e a bela catedral cercada por telhados pitorescos provam que Berna é, verdadeiramente, uma joia da arquitetura medieval na Europa.
O urso passou a ser o símbolo da cidade de Berna em 1234 por ter sido o primeiro animal capturado por seu fundador, no passado. Conta a lenda que recebeu o nome de Berna (do alemão Bär, que quer dizer urso) quando o duque de Zähringen voltou de sua primeira caçada pela região, trazendo um urso consigo, ainda no período de sua construção.
Uma visita ao Bearpark é uma experiência especial para as crianças e adultos. Do alto é possível avistar os ursos em sua vida cotidiana, tomando sol, se alimentando e até mesmo se banhando – www.bern.com/the-bearpark
Berna, construída pelo aristocrata Cuno von Bubenberg, numa península fluvial com proteção natural por três lados, no final da Idade Média era considerada a cidade mais poderosa ao norte dos Alpes.
É uma cidade muito fácil de ser descoberta a pé. Depois do incêndio de 1405 foi reconstruída com arenito, a pedra da região, em tons padronizados de verde acinzentado que ganham vida com as floreiras em todas as partes, em que predominam gerânios gigantes vermelhos. Dizem os guias que há regras para tal. A Cor vermelha precisa se destacar.
Pela cidade histórica os subterrâneos das arcadas são um capítulo a mais a lhe dar charme. Foi sob essas arcadas que Einstein viveu e desenvolveu a Teoria da Relatividade e onde Paul Klee se inspirou para criar suas aquarelas.
O queijo emmental
Pertinho de Berna, coisa de quinze minutos no máximo de trem fica a graciosa Affoltern, lugar para você acompanhar a produção artesanal do queijo Emmenthal, comprar e trazer para casa. O queijo é originário do cantão e Berna e nessa cidadezinha distante apenas 34 quilômetros da capital é possível fazer uma viagem de volta ao passado.
Emmentaler Schaukäserei – em Alffoltem. Produz queijo tipo emmenthal desde 1741 – www.emmentaler-schaukaeserei.ch
Dica de hospedagem
Eu me hospedei no Hotel Allegro com vistas para a cidade. Em sua torre funciona um cassino famoso.