OS PAIS BÍBLICOS

ZARCILLO BARBOSA

Na Bíblia há várias histórias sobre pais e seus filhos, recheadas de exemplos de amor, sabedoria e, principalmente, de muita paciência.

O Livro Sagrado diz que os filhos aprendem com os bons exemplos de seus pais. “O homem justo leva uma vida íntegra; como são felizes os seus filhos!” – Provérbios 20:7. Mas, fico pensando no futuro dos filhos que têm pais de comportamento nada honroso. Pais corruptos que roubam até recursos destinados a socorrer vítimas da pandemia. Merecem complacência dos filhos?  Se Jesus disse para amar e orar até mesmo para os nossos inimigos (Mateus, 5:44), a saída seria desprezar o pecado e não a pessoa pecador. Esta ainda pode se redimir.

Adão, o primeiro homem, teve um Pai que é o maior exemplo de amor. Mesmo assim, a criatura voltou-se contra o Criador. A maldade humana não tem limites. Caído em tentação, foi expulso do Paraíso para viver a leste do Éden. Pagamos até hoje pelo seu pecado, ganhando o pão com o suor do rosto. Adão ainda viveu a tragédia com os seus dois primeiros filhos – Caim e Abel. Os pais, sofrem as consequências dos seus atos e escolhas.

Noé, viveu numa época em que o mundo estava sob pecado. Apesar do estado decadente em que a humanidade vivia, ele resistiu, protegeu a família e foi abençoado. Salvou-se do dilúvio com sua descendência.

Todos nós conhecemos histórias de pais que passam por momentos tristes e dolorosos ao ver o filho em desgraça. Parece até que Deus quer submetê-los a testes de fé, como fez com Abraão. Isaque, o filho, poderia ter vivido sob ressentimento porque seu pai o ofereceu como sacrifício ao Senhor. Mas preferiu seguir o lado bom daquele que foi chamado por Deus para liderar a nação dos Judeus.

Outra figura paternal para o povo Hebreu foi Moisés. O pai de Gérson e Eliézer viveu muitas provações. Redimiu a tribo do cativeiro e a levou à terra prometida. O grande exemplo que deixou aos filhos foi o da temperança e da vontade de vencer obstáculos, ainda que se afiguravam  intransponíveis. Mesmo assim, teve que se mostrar um pai severo, para acabar com as adorações ao bezerro de ouro. Michelangelo esculpiu Moisés com dois chifres na cabeça. Ninguém conseguiu explicar por que? Talvez fossem apêndices para ajuda-lo a pôr ordem na casa, na sua volta do Monte Sinai, com a Lei das Doze Tábuas.  A estátua em mármore branco, com cornos, está no Vaticano.

Davi, aquele que derrotou o gigante Golias, cometeu graves pecados mas, soube se arrepender. Nenhum pai é perfeito. O filho Salomão soube separar as coisas boas das ruins para se tornar o rei mais sábio de Israel.

Chega a parecer contraditório que José, o pai terreno de Jesus, seja tão pouco lembrado entre os cristãos. Enfrentou todas as dificuldades para fugir à perseguição de Herodes e proteger o bebê que Maria carregava. Educou e cuidou do Menino e ensinou-lhe o seu ofício de carpinteiro. Mais que um homem justo, foi honesto e carinhoso.

Na parábola do filho pródigo, Jesus conta a história do filho mais novo que pediu ao pai sua parte na herança e foi curtir a vida. Gastou tudo nos seus prazeres e acabou na pobreza. Decidiu voltar para casa, pedir perdão e um emprego como servo. O pai o acolheu com festas. Conta Lucas que ele não estava celebrando os erros do filho, mas sim sua mudança de vida.

O Pai bíblico mais importante, é o próprio Deus. Aquele que dá força e esperança, mesmo para os que Nele não creem.

O Deus da tradição judaico-cristã restaura, transforma e sempre dá outra oportunidade aos seus filhos. Este, o exemplo maior para todos nós.