
O TRIUNFO DA MORTE
ZARCILLO BARBOSA
O discurso diversionista do presidente Bolsonaro, diante da pandemia, ainda consegue um brilhareco diante dos seus apoiadores. A Organização Mundial da Saúde, em meio ao horror, teme pela transformação do Brasil num epicentro de contaminação para a América Latina e também para o resto do mundo.
São quase 2 mil mortos ao dia e, esse número, pode chegar a 3.000 nas próximas semanas.
O presidente chama de frescura a prática de distanciamento social. A cobrança de governadores e prefeitos por uma coordenação nacional no combate ao covid-19, não passa de mimimi. “Vão ficar chorando até quando?”
A chacota contra as recomendações sanitárias ignora o sofrimento dos familiares e amigos de mais de 260 mil pessoas que morreram vitimadas pelo vírus, nos últimos 12 meses.
Há quem compare a atuação de Bolsonaro com um famoso quadro de Pieter Bruegel, pintor flamengo da renascença, exposta no Museu do Prado. O artista simboliza “O triunfo da morte”. Inexorável, passa com seu exército por cima de todos, sem poupar reis, ricos, pobres e amantes.
Observadores políticos atribuem as chocantes declarações de Bolsonaro a uma tentativa de atrair para si os holofotes, na semana em que o primogênito, o filho Zero-1, é investigado por lavagem de dinheiro e compra de uma mansão em Brasília, por 6 milhões de reais.
Apesar de ironizar a vacinação, Bolsonaro e seu ministro da Saúde Pazzuelo tentam agora recuperar o tempo perdido. O governo, finalmente, firmou contrato com a Pfizer. O laboratório havia sido desprezado pelas exigências, iguais aos das cláusulas aceitas por todos os países.
Se tivesse aceitado o contrato, logo no início, o Brasil já teria recebido 70 milhões de doses em dezembro. A corrida global pela vacina não é simples. “Tem idiotas nas redes sociais que fala “vai comprar vacina”. Só se for na casa da tua mãe. Não tem no mundo!”
Vamos chegar a abril do ano que vem com, no máximo, 65% da população imunizada. Não atingiremos a tal imunidade coletiva, que exige a vacinação de, pelo menos, 70% das pessoas adultas.
Ignorância. Desprezo pelo sofrimento alheio como forma de afirmação da sua masculinidade. O capitão diz que é preciso enfrentar o vírus “como homem, não como moleque”.
Bolsonaro não vai mudar. A ciência mostra o caminho, mas ele insiste em priorizar um único setor da economia: o funerário.

Sérgio Fleury Moraes
Texto excelente! Bravo, professor!
Zuleika Léa Lemos de Almeida Gonsalves
Aceitar os comentários vindos do governo sobre COVID está sendo processo de tortura, eis que pretendem rotular- nos de ignorantes. Até quando teremos que conviver com tal situação?