MAS TODOS ACREDITAM NO FUTURO DA NAÇÃO
ZARCILLO BARBOSA
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O presidente Bolsonaro acusou o ator Leonardo DiCaprio de dar dinheiro para “tacar fogo na Amazônia”.
Quatro brigadistas, jovens voluntários que ajudavam os bombeiros a debelar incêndios nas florestas de Alter do Chão, Pará, foram presos pela polícia, acusados atear fogo no mato.
Quem autorizou a prisão foi um juiz, suspeito de imparcialidade, por ter sido advogado de madeireiros antes de ingressar na magistratura.
Os incêndios destroem as florestas e abrem espaço para o capim e o gado. Queimam as árvores que produzem a castanha-do-Pará que, segundo Ana Maria Braga, fazem parte da “fauna brasileira”.
Nem só de florestas vivem os incendiários. Arde na alma o posicionamento do novo presidente da Fundação Zumbi dos Palmares, Sérgio Nascimento de Camargo. Militante de direita, defensor de Bolsonaro nas redes sociais, Camargo, prega não existir “racismo real” no Brasil. O movimento negro, para ele, precisa ser extinto. Zumbi é um falso herói.
Sentencia Camargo, que é negro: “Lázaro Ramos e Taís Araújo deveriam ser deportados para o Congo”. Martinho da Vila é “vagabundo”. Ângela Davis, expoente do feminismo negro não passa de uma “baranga”, “mocreia”. Gilberto Gil, Leci Brandão, Mano Brown e outros são “parasitas da raça negra”.
Esse é o cara nomeado pelo secretário da Cultura Roberto Alvim (quem?). Aquele que chamou Fernanda Montenegro, nossa maior atriz de teatro, cinema e televisão de “sórdida”. O mesmo que quer redefinir a identidade nacional segundo a tradição judaico-cristã.
Que país é esse? Terceiro mundo, se for/ Piada no exterior.
Somos obrigados a concordar com o refrão dos tempos da Legião Urbana.
Parece que a estratégia diversionista do governo é provocar causações. O presidente Bolsonaro faz uma campanha contra a Folha, ao excluí-la da licitação para assinatura de jornais. E ainda ameaça os anunciantes de retaliação – está de olho neles.
Pelo que se constata, o AI-5 da era Bolsonaro está em pleno vigor. Sem mesmo ainda ter sido pedido pelas marchas dos conservadores, previstas pelo ministro da Economia Paulo Guedes.
Que país é esse? Pelo menos ainda podemos nos agarrar ao otimismo do saudoso Renato Russo: “Ninguém respeita a Constituição/ Mas todos acreditam no futuro da nação.”
