
Maranhão – Sempre uma boa escolha
ELIANE BARBOSA
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Na época das chuvas as piscinas naturais dos Grandes Lençóis se enchem de água e ficam tão azuis como o céu; na estação seca o maior deserto brasileiro vira coisa de cinema com suas imensas dunas brancas como talco. Viajar ao Maranhão é certeza de passeios únicos que começam por sua agradável capital, São Luís, que tem nome de rei e é majestosa como só e localizada numa ilha de encantos.

Conhecida como a cidade dos casarões azulejados e das praias onde a maré sobe e desce com uma velocidade incrível, São Luís é acolhedora. Um lugar para se passear com calma, desfrutar das imensas faixas de areia morena, de restaurantes onde o som do quebra-quebra das patinhas de caranguejos se mistura ao da música ao vivo, curtir noites agitadas no Calçadão da São Marcos e se deixar levar pelo ritmo do reggae.

Isso sem falar de um passeio mais que obrigatório ao seu Centro Histórico, que continua em processo de revitalização – muitos casarões estão impecáveis, revestidos com azulejos portugueses originais, e outros ainda aguardando reparos.
Por lá, encontram-se preciosidades. Como o grande casarão branco em frente ao Cais da Praia Grande, conhecido como Casa do Maranhão. É nele que funciona o Museu do Boi. Entre, suba as escadas, sinta sua grandiosidade e não se arrependerá.


Claro que você já deve ter ouvido falar e visto pela televisão e revistas, toda aquela riqueza do bumba meu boi. No museu terá a chance de conhecer tudo sobre esse personagem do folclore maranhense e sobre a festa, disputadíssima, em junho, que faz a população se produzir com os trajes mais finos do folclore nordestino. Fitas e cores eletrizantes. Um espetáculo para os olhos e os ouvidos.
A cultura, a história e o folclore são levados a sério no Maranhão. No térreo do edifício, telas de tevê com fones de ouvido e textos em português e inglês, no melhor estilo multimídia, mostram aos turistas as principais maravilhas maranhenses, dos Lençóis à Floresta dos Guarás (hoje está fácil chegar a Barreirinhas, porta de entrada do Parque dos Lençóis – a rodovia está ótima e há inúmeras pousadas por lá).

Palácio e o Teatro
Continue pela “parte alta” de São Luís que contorna a beira-mar (lá embaixo saem as embarcações rumo a Alcântara e outras localidades e funciona o mercado do peixe) para se deliciar com outros exemplares riquíssimos da arquitetura maranhense.
É o caso da do Palácio dos Leões, sede do governo estadual, imponente, todo branco, esbanjando estilo que passou ao longo de séculos por várias reformas. Foi edificado pelos franceses em 1612 – primeiro como fortaleza – e nomeado São Luís em homenagem ao rei da França.
Em estilo neoclássico, chama a atenção de quem passeia pelo Centro Histórico, passando por ele no vai-e-vem rumo às igrejas, casarões e escadarias da cidade.

O Palácio dos Leões – por conta de duas estátuas do rei da selva bem na fachada – recebeu em 1615, com a expulsão dos franceses, o nome de São Felipe para homenagear, então, o rei da Espanha.
Tem três mil metros quadrados de área construída, divididos em três alas: residencial, administrativa e visitação, com exposições permanentes. Seu acervo não deve ficar despercebido. Conta com mais de 1.300 objetos, entre mobiliário, porcelanas, gravuras e obras de arte importantes.
Aproveite que está por ali para conhecer outro espaço importante e lindo: o Teatro Arthur Azevedo, de 1817, o segundo mais antigo do Brasil, e o Convento das Mercês, na Rua da Palma. Foi fundado pelo padre Antônio Vieira, maior orador sacro da língua portuguesa. Atualmente abriga também a Fundação da Memória Republicana.
Se seu negócio for verificar “in loco” a beleza dos azulejos portugueses, não deixe de fotografar, mais à frente, o imponente prédio da Caixa Econômica Federal, considerada a fachada mais azulejada da América Latina.
Não é miragem!
De avião – bimotor – a viagem entre São Luís e Barreirinhas dura perto de uma hora.
As aeronaves comportam no máximo quatro passageiros, que de antemão, já saberão que existe hora para ir e hora para voltar, por conta da meteorologia.
Chove muito na região, principalmente entre junho e julho, e para garantir a visibilidade necessária para o retorno, os pilotos determinam o horário exato do “check-out”.
Com isso tentam evitar os incômodos sacolejos que todo passageiro sabe como é durante tempestades.
Se a opção for por via rodoviária, basta se inteirar sobre quais empresas fazem o percurso. E garantir o direito a paradas para lanche num posto de estrada que também vende souvenires, incluindo panelas de barro muito parecidas com aquelas das paneleiras de Vitória.
A rodovia é duplicada e segura e a viagem dura uma média de três horas.
Rio Preguiças e Caburé
Impossível não se sentir extasiado ao avistar os lençóis, que ocupam uma imensa área, equivalente à Grande São Paulo. Não é uma miragem.
As imensas dunas de areias finas como talco e que se tornam douradas por conta da ação dos raios solares estão ali, assim como as piscinas naturais formadas pela sucessão de lagoas. Existem várias lagoas para serem visitadas. Dentre elas, Azul, Bonita, Esperança e Lagoa do Peixe.
O Parque Nacional dos Lençóis é mesmo uma das mais belas atrações do Maranhão e do mundo. Além das dunas e lagoas que estão por todos os lados e são de tirar o fôlego, o parque oferece outras aventuras. Que passam por passeios de barco pelo rio Preguiças ou por trilhas ao redor do Parque.
Ali é possível fazer caminhadas ecológicas, incluindo a travessia dos Lençóis Maranhenses, passando pelos povoados de Queimada dos Britos e Baixa Grande, verdadeiros oásis no meio do imenso deserto.
Outro atrativo imperdível é a descida pelo rio Preguiças até o povoado de Caburé. Vá com lanchas “voadeiras” nesse passeio que dura em torno de 45 minutos, com direito a desfrutar de toda beleza deslumbrante da localidade e o encontro com o mar.
De barco, subindo o rio Preguiças, o visitante avistará guarás vermelhos – símbolo do Maranhão -, garças, manguezais e moradas típicas de pescadores. Não se esqueça que o filme “A Casa da Areia”, com Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, foi filmado lá. Tudo cercado por uma vegetação exuberante.
A primeira parada é o Farol do Mandacaru, ou Farol de Preguiças, cercado por pés de caju e que oferece, lá do alto, uma visão mágica do lugar. A única coisa que você não pode esquecer é do repelente, já que os “carapanãs” (os pernilongos imensos da região) não poupam sangue de turista.
Eu levei dois tubos nas duas vezes que estive em Caburé e acabaram em dez minutos. Verdade verdadeira!
Coisa mais linda
O Farol do Mandacaru é um lugar fantástico para bater aquela foto inesquecível que mostrará no seu retorno, deixando os amigos de boca aberta diante da beleza do lugar. Do outro lado do rio Preguiças está Caburé, que já conta com boa estrutura turística, pousada e restaurante onde são oferecidos pratos à base de peixe fresquinho.


Seguindo a correnteza do rio e cruzando com moradores da região que usam os igarapés para chegar em casa com seus barquinhos simples, de madeira, chega-se até Atins, onde as águas se encontram com o mar.
Estando em Atins, a dica é conhecer as praias desertas banhadas pelo Atlântico nos Pequenos Lençóis, uma versão reduzida do original.
Um pedaço do paraíso para quem quer esquecer todas as preocupações diárias e agradecer a Deus pela existência.
*Fotos: divulgação Secretaria de Turismo do Maranhão.
http://www.turismo.ma.gov.br/
