LULA LIVRE, FESTA DA DEMOCRACIA
ZARCILLO BARBOSA
Lula voltou à liberdade sob festa, choro e trincar de dentes. Foi intensa a cobertura pelos canais de televisão e o pipocar em todas as redes sociais. É o lado bonito da democracia, sempre ruidosa.
Ao deixar a cadeia em Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou sua volta à arena política, prometeu percorrer o Brasil para “reconstruir um novo país” e até anunciou seu casamento com a socióloga Rosângela da Silva, a Janja. A cerimônia terá como padrinhos Chico Buarque e o advogado Cristiano Zanin. Lula, aos 74 anos, declara que tem “muito amor no coração”. Seu novo lar deverá ser no Nordeste, talvez no Pernambuco natal. Janja não declara a idade, calculada pelos cronistas entre 40 e 45 anos.
O povo quer saber quais as consequências políticas e econômicas da decisão do STF. Enquanto Lula fazia o seu discurso contra o “lado podre” das instituições, o mercado reagiu com a alta do dólar e a queda da Bolsa.
A esquerda raivosa e a direita insensata podem pôr fogo no circo político, segundo os observadores. O presidente Bolsonaro passa a ter pela frente um adversário de peso. Lula continua inelegível pela Lei da Ficha Limpa, por ter sido condenado em segunda instância. Os advogados de Lula questionam que o ex-juiz Sérgio Moro, responsável pela condenação em primeira instância no caso tríplex do Guarujá, não agiu de forma imparcial na condução do processo. Se o Supremo julgar procedente o possível conluio Moro-Dallagnol, o julgamento terá que ser refeito a partir da primeira instância e Lula poderá ser candidato.
Também poderá ser anulada a sentença do caso “sitio de Atibaia”.
O ambiente de insegurança jurídica foi criado pela Suprema Corte. Mudou a própria jurisprudência firmada em 2016, quando por quatro vezes decidiu, por maioria, pela constitucionalidade da prisão a partir da segunda instância.
Se o país entrar em um período conturbado, com “coxinhas” e “mortadelas” se mastigando, as reformas de Paulo Guedes encontrarão dificuldades para passar pelo Congresso. O crescimento do país continuará insignificante e Bolsonaro pode até dar adeus ao segundo mandato.
Ainda é cedo para previsões, embora existam. Se o Congresso agir com sensatez, sem revanchismo que possa atrapalhar as reformas em andamento, o mercado saberá neutralizar o impacto da soltura de Lula, José Dirceu, Azeredo e outros que podem pagar bons advogados.
