ÍSTRIA
A toscana croata convida ao mar e às trufas brancas
A Ístria, península do mar Adriático, é o paraíso para os amantes dos bons vinhos e da alta gastronomia. Aspargos verdes selvagens e trufas brancas são apenas um aperitivo de suas iguarias famosas.
Se você me perguntasse para qual região da Croácia eu voltaria o mais breve possível, a resposta seria: para a Ístria. Por conta da proximidade de Zagreb, de Liubliana (na Eslovênia) e de Trieste (na Itália). Pelas cidadelas com ruelas labirínticas medievais, pela simpatia de seus habitantes e o sol sempre presente.
E mais ainda porque, passado o verão, fica mais tranquila, os preços caem e pode-se caminhar sem atropelos por todos os lugares, incluindo a catedral de Santa Eufêmia que foi jogada aos leões por ordem do imperador Diocleciano e cujo corpo misteriosamente apareceu em um barco, sendo levado ao alto da colina por um garoto com a ajuda de dois bezerros.
O outono é ideal também para se provar uma das iguarias mais caras do mundo, encontrada por lá:
As trufas brancas
A culinária da Ístria é famosa, atraindo chefs e gourmets do mundo todo.
Quando estive lá a convite do Turismo da Croácia comi fuzi, uma massa artesanal servida com as trufas (tartufi) que até hoje não me saiu da memória. Antes do prato principal, serve-se fritaja (omelete com vegetais da época como aspargos selvagens), manestra, uma sopa grossa à base de feijão e vegetais e fatias do presunto típico da região (prosciutto), com preços sempre em alta diante de todo o processo necessário para a defumação da carne.
Se você estiver com pouca grana não se preocupe. Na Croácia há opções mais em conta, incluindo roscas, pizzas, sorvetes e tantos outros quitutes artesanalmente preparados. Os croatas têm fama de comerem bem. Qualquer festa é motivo de comilança.
Lá pratica-se ao pé da letra a cultura do comer.
Sob o sol de Rovinj
Feche os olhos e relembre as cenas de “Sob o sol da Toscana”. É mais ou menos aquilo, mas com outros detalhes que fazem toda a diferença na escolha da Ístria para a sua próxima rota:
Os preços são em kunas, muito mais vantajosos do que o euro e por não ser tão badalada como a sua vizinha, você não precisará se preocupar com filas, aglomerações.
É uma toscana croata simpática, ensolarada, convidativa, com cidadezinhas com calçamento de pedras, imensos ciprestes, flores multicoloridas adornando as janelas e a boa mesa. Mas tem mais: um litoral de cair o queixo, com águas azuis do Mar Adriático, portos com gaivotas brancas roubando as cenas de selfies, mercados de frutas, legumes e pescados por toda parte e aquele perfume de ervas e lavandas por todos os cantos.
É uma delícia andar sem pressa pelas ruelas de Rovinj, conhecer o Coliséu de Pula, circular por Porec e as ilhotas ao redor. Cenários que encantaram o escritor James Joyce entre tantos outros, que viveram ou passavam grandes temporadas nesses lugares pitorescos.
Rovinj e Pula, localizadas no Noroeste croata, distam apenas 40 minutos uma da outra. Lindas, com características particulares. Rovinj é um pedaço de terra cercado de mar, ruelas medievais, porto e casas de dois ou três pavimentos, milenares, coloridas. Pula, além do mar, nos convida a uma viagem no tempo dos romanos, incluindo claro, um anfiteatro de 2 mil anos.
Rovinj é um balneário pitoresco, ensolarado, agradável. Um dos mais importantes destinos de turismo do país. À beira-mar, sua cidade velha mostra edifícios estreitos, em pedra, pequenas ruas e praças muito pitorescas. Parte das antigas muralhas da cidade ainda estão preservadas no lado norte e sul.
De tão bela, Rovinj foi escolhida para ser cenário para as locações de “Diana”, o filme que conta a vida da princesa inglesa morta em acidente de trânsito em Paris. As filmagens sobre suas viagens ao Adriático, muitas vezes para fugir do assédio dos paparazzi, foram feitas ali.
A graciosa Rovinj (Rovigno em italiano) vive lotada de turistas – a maioria italianos – nos meses de alto verão quando os preços também sobem. Mesmo repleta de visitantes conserva ares bucólicos que podem ser conferidos no vai e vem de pescadores que lançam suas redes logo que os primeiros raios solares refletem no mar, acompanhados por hordas de gaivotas que fazem seu balé no ar e no mar.
Católicos, antes de partirem para o mar fazem suas preces para Santa Eufêmia na igreja no alto da colina cuja torre chega a 60 metros.
Viva a vida
A Ístria é uma região onde viver é preciso. Com calma. Nos restaurantes debruçados sobre o mar, nas pousadas onde os hóspedes utilizam pequenas faixas de pedras para se bronzear, nas propriedades campestres e nas tratorias como a taverna Nono (Petrovija) onde comi, saboreando alimentos produzidos pela família proprietária do local.
Uma perdição: presuntos, salsichas, queijos, carnes, vinhos e grappa (para fechar a refeição com chave de ouro). Os azeites produzidos na região são premiados, excelentes para acompanhar todos os pratos. Para os amantes dessa iguaria, o conselho de turismo local criou uma rota de azeites, oportunidade para se visitar propriedades rurais, saber tudo sobre as plantações de oliveiras e modo de extraí-lo com direito, claro, a degustação.
Ilhas do arquipélago
Lá embaixo da Cidade Velha, bem em frente ao Hotel Rovinj, onde você deve sentar para tomar uma pivo ou beber um café, saem barcos que levam os turistas para passeios de meio dia (geralmente à tarde) até as 13 ilhas que compõem seu arquipélago.
Inicialmente Rovinj era uma ilha. Foi crescendo fora dos muros da Cidade Velha – por conta da leva de imigrantes que lá procuraram refúgio, fugindo das invasões turcas na Bósnia e Croácia continental – e ligou-se ao continente tornando-se uma península.
Vá de bike
É muito bom caminhar por lá assim como explorar a região de bicicleta. Há trilhas seguras e demarcadas pelos vales, montanhas e parques como o parque Nacional de Brujini.
Informações: http://www.istria-bike.com/
Conheça
Igreja de Santa Eufêmia
Fica em uma colina na Cidade Velha . Foi construída em 1736 e é a maior construção barroca da Ístria.
Casa Batana (no porto)
Fica na Obala Pina Budicina 2. Um museu dedicado ao barco de pesca, símbolo da tradição marítima da cidade.
Grisia (na área histórica)
Uma das principais ruelas, conta com inúmeras galerias de arte onde você pode comprar de tudo, incluindo máscaras , cerâmicas, quadros. A rua por si já vale o passeio por conta das casas com varandas e janelas voltadas para a rua.
Arco de Balbi
A contrução é de 1679 e fica no antigo portal da cidade. Se se perder do rupo marque o encontro ali nesse monumento.
Parque Florestal Punta Corrente
Trata-se de uma área verde conhecida como Zlatni Rat com carvalhos, pinheiros e espécies diferentes de ciprestes.
SAIBA MAIS
- Com 242 km de costa, a Ístria é uma península muito agradável que conta com 2.400 horas de sol por ano. Atrai muitos visitantes que procuram suas lindas paisagens, povoações medievais e aldeias no topo das colinas, além de vinhedos e olivais.
- Rovinj à beira-mar: é uma das localidades mais pitorescas da costa da Croácia, muito próxima da Itália, que oferece passeios à beira-mar, à sua cidade velha com edifícios estreitos e parte de antigas muralhas ainda preservadas. Comer nos restaurantes voltados para o mar é uma tentação.
*Texto e fotos: Eliane Barbosa (exceto as fotos expressamente ressalvadas)