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ECONOMIA EM TEMPOS DE PANDEMIA

ECONOMIA EM TEMPOS DE PANDEMIA

ZARCILLO BARBOSA



Há uma piada que diz que a primeira profissão do mundo foi a de economista porque, segundo o Gênesis de Moisés, “no princípio era o Caos”.

Adam Smith é considerado o pai da economia moderna


Murphy, um engenheiro norte-americano que criou as leis que levam o seu nome, também dispunha que tudo o que não faz sentido, ou é Economia ou é Psicologia. Se mexer, pertence à Biologia. Se feder, pertence à Química. Se não funciona, pertence à Física. Se ninguém entende é Matemática.


O Guia Prático da Ciência Moderna, escrito por Murphy há 70 anos, já foi atualizado: Se mexer, feder, não funcionar, ninguém entender e não fazer sentido, então é Informática. Com toda certeza.


Pode parecer preconceituoso, mas é assim que vejo o mundo caótico nesta crise pandêmica. Ninguém sabe nada. Muito menos o economista. Cifras trilionárias em dólares são anunciadas quase todas as semanas para “salvar o mundo da recessão”. Duvido que alguém tenha noção do que representa essa grana toda. Se juntadas as notas a pilha bate na Lua e volta. Ainda sobra um troquinho que daria para comprar todo o Congresso Nacional com seus deputados e senadores corruptos.


Mesmo com a economia paralisada, a Bolsa brasileira acaba de ultrapassar os cem mil pontos. Volta ao patamar de antes da crise, como se nada estivesse acontecendo. Indústria, comércio e serviços estão estagnados. O consumo se resume aos alimentos necessários. Lojas, aviação, bares e restaurantes estão inoperantes por causa do distanciamento social obrigatório. E as ações das empresas se valorizam, mesmo sem distribuir dividendos.


A economia rasteja nas profundezas e quer subir pelas paredes a procura de luz. Todos estão cegos, como na novela de Saramago que repete o mito da caverna de Platão. Em “Ensaio sobre a Cegueira”, a praga também se espalha de pessoa a pessoa. A cloroquina e os vermífugos não dão certo. Muitos inventam que são capazes de ver e fingem que sabem a razão do mal.


O governo Bolsonaro chamou o Exército para cuidar da Saúde, distribui remédios inócuos, tenta maquiar os números, finge que ajuda as empresas quebradas e distribui dinheiro aos que precisam e a milhares que não precisam. O presidente despreza o uso de máscaras, e é infectado. Três presidentes viveram em paz com as emas dos jardins do Alvorada. Bolsonaro consegue ser bicado por uma delas. A espécie parece intolerante a arroubos autoritários.


Os pioneiros dos estudos econômicos do século 18, quando ainda não havia a categoria dos “economistas”, diziam que as crises se combatem a partir das suas causas. Parece óbvio. Se o Covid 19 é a causa da estagnação da economia, e não vice-versa, temos que, primeiro, combater o vírus. Persistindo a causa, seus efeitos subsistirão fortalecidos.


A vida é feita de escolhas, diziam eles muito antes da frase se transformar num clichê. Se cada um optar pelo melhor para si, isso tem um preço porque, numa crise ou não-crise, as limitações existem.


Volto a Murphy: “Tudo o que é bom na vida custa caro, é ilegal, imoral, engorda ou engravida”. Ou mata.

Zarcillo Barbosa é jornalista
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