DICIONÁRIO MÍNIMO

ZARCILLO BARBOSA

Para entender a política praticada hoje, no Brasil, é preciso entender alguns mínimos conceitos:

DEMOCRACIA – É o regime da decepção. Um pouco menos da metade dos eleitores odeia o resultado da última eleição e os 50 e poucos por cento que votaram no candidato vitorioso logo ficarão desapontados. Na próxima eleição, o ciclo se repete. A única coisa que a democracia pede é que os eleitores se conformem com os seus erros.

FASCISMO – Tendência para o exercício de forte controle autocrático ou ditatorial e de culto à personalidade. A técnica dos candidatos a ditador impõe censura, estimula a vigilância de massa com a utilização de seguidores e faz uso recorrente do terrorismo de Estado.

ANTIFAS – É como se denominam os adversários ativos do fascismo em qualquer das suas formas.

LIBERAL – É quem defende valores da liberdade individual para a vida em sociedade. Ser liberal não é ser contra o Estado. O Estado é uma potencial ameaça à liberdade, mas não é a única. A opinião pública também é. (Stuart Mill).

POPULISMO – Os apoiadores são os únicos cidadãos. Os outros não são patriotas. O populismo se baseia na pregação da divisão e hostilização do outro.

PRESIDENTE – É parte da solução e não do problema.

OLOCRACIA – É a versão patológica do poder popular, em contraste com a versão positiva, a democracia. A degradação da democracia para a olocracia ocorre quando um agente ou poder político empareda os demais poderes políticos com apoio da multidão impulsiva, mobilizada por um discurso simplista.

CULTURA DO CANCELAMENTO – A tentativa de expulsar das redes sociais quem não pensa da mesma forma da tribo. É o velho linchamento político.

RAÇA – É uma construção geopolítica e não biológica. E corresponde aos três grandes continentes conquistados: amarelos na Ásia; vermelhos nas Américas e negros na África.

CIVILIDADE – A versão moderna implica em: comedimento das pessoas em suas paixões políticas e religiosas; permite a convivência e o diálogo entre os diferentes, evitando confrontos

AGEISMO – Palavra nova que significa atos ou expressões discriminatórias contra os mais velhos – cresce como nunca na Inglaterra, no Brasil e em outros países ditos civilizados. Aqui, pessoas de uma certa idade são discriminadas por 34% da população.

HABITUAÇÃO – Processo psicológico que faz com que seres humanos se acostumem com quase qualquer coisa, até viver num campo de concentração (ou até com os desatinos de Bolsonaro).

FAKE NEWS – Notícias fraudulentas e não notícias falsas. Desinformação produzida de maneira deliberada com o objetivo de levar a erro. Nada ver com difamação, injúria e calúnia.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO – Muito confundida com “licença para ser estúpido”. Argumentos contrários fazem arte da livre expressão do outro.

MUNDO VIRTUAL – Ambiente em rede que permite que cada um solte os seus demônios, ao dar a sensação de um pretenso anonimato. Mais uma forma dos intolerantes se manifestarem e ampliarem seu alcance.

IDEOLOGIA – É um conjunto de princípios que expressam uma determinada visão de mundo de um indivíduo ou grupo, orientado para suas ações sociais ou políticas, principalmente.

RACHADINHA – Contratação de funcionários fantasmas com o uso de verba pública, para financiar sites ideológicos, mesada de esposas e aumento patrimonial. Por ser hábito disseminado nos gabinetes parlamentares, encontra defesa apaixonada do “rouba, mas é pouco”.

IDEOLOGIA DE GÊNERO – É um termo inventado por preconceituosos que não aceitam a diversidade do comportamento humano.

FIREHOSING (fire hose = mangueira de incêndio) – Método bolsonariano que consiste em desnortear o interlocutor com um intenso fluxo de declarações semelhante a água que sai de uma mangueira de incêndio. É uma bomba de fumaça lançada sobretudo sobre holofotes quando ameaçam iluminar algo que gostaria que ficasse na sombra.