DEPOIS DA TEMPESTADE

ZARCILLO BARBOSA
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Encontram similares em outros países, as declarações e atitudes de desdém do presidente Bolsonaro, diante da tragédia global.
O presidente bielorrusso, mandou a população tomar vodca, segundo ele “um santo remédio” para qualquer mal, desde dor de corno a pandemia.
No Turcomenistão, o ditador resolveu o problema com uma simples canetada. Proibiu, por decreto, o uso da palavra coronavírus até nas conversas. Lá, deixou de existir a doença e seu causador, porque suas denominações foram riscadas do dicionário.
Nas Filipinas, o presidente autorizou a polícia a abater a tiros quem sair de casa. “O enterro é por minha conta” – garantiu. No continente sul-americano, o presidente da Colômbia mandou imprimir um manual de práticas, recomendando a população de abster-se de sexo anal e preferir a masturbação.
Quando tudo isso acabar, e as pessoas quiserem retornar para o mundo que não existe mais, o que vai nos salvar será o humor. Restará o folclore produzido durante a crise, pelos que se acham na missão de elevar o moral do povo. Um humorista português, por exemplo, com base na tese de Bolsonaro, sugeriu a fabricação maciça de água de esgoto em gel, para aumentar a imunidade das pessoas.
Temos um presidente censurado pelo Twitter e pelo Instagram, “por desrespeitar regras de convívio social”. Como qualquer outro irresponsável que se aproveita das redes sociais. Hoje, o grande trabalho médico e jornalístico no Brasil, é o de desmentir Bolsonaro. “Temos que enfrentar o vírus como homem, pô, não como moleque”.
Aqui em Bauru, muitos enfrentam o corona, fazendo caminhadas pela Av. Getúlio Vargas e tomando cerveja à sombra da copaíba. Deve ser uma forma de se descontrair, “brincando com o perigo”.
Toda a ilusão de que o mundo é controlado pelos humanos se desfez em poucas semanas. A humanidade está a caminho de descobrir que há um mundo além de si, povoado por outros que podem até mesmo acabar com os humanos.
Como espécie, ao longo da existência extinguimos tantas outras. O aumento da temperatura global, o derretimento das calotas polares e o transbordamento dos oceanos nunca foram levados a sério. Gripezinha, fantasia, histeria. Ainda há quem ache que ficar sem empregada doméstica é mais trágico que enfrentar o vírus. Um dia elas foram chamadas de “secretárias do lar”, com a audácia de panejar viagens à Disneyworld.
O filósofo esloveno Slavoj Zizek acredita no poder subversivo do vírus que pode ter dado um golpe mortal no capitalismo. A sociedade seria atualizada na forma de solidariedade e cooperação global.
O vírus teria feito à perfeição o que nem o terrorismo islâmico conseguiu. Ao depois, o Estado de exceção passará a ser o “normal”, com o regime policial digital de modelo chinês.
Há quem discorde, como o sul-coreano Byung-Chul Han. Após a pandemia o capitalismo continuará com ainda mais pujança. E os turistas continuarão a pisotear o planeta.
Pelo menos é a aposta política do Ocidente, que se crê um “eficiente gestor” dramático da contemporaneidade.
Quem viver, verá…

Moacir Puga
?? Boa Zarcillo! #FicaEmCasa meu querido.
proximarota
Obrigado pela leitura, Moacir!