BRIGA DE BOTEQUIM AMEAÇA A GOVERNABILIDADE
ZARCILLO BARBOSA
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A maior oposição ao presidente Bolsonaro é ele mesmo. A essa conclusão óbvia chegaram os observadores políticos, cansados das trapalhadas do governo, as declarações inconsequentes e as brigas próprias do baixo clero.
Até aquela deputada fofinha, Joice Hasselmann, líder do Governo no Congresso, foi destituída por Bolsonaro. A gente assiste na televisão, lê nos jornais e não encontra explicações para tanta belicosidade.
No vale tudo entrou também o Delegado Waldir, líder do PSL que o presidente tentou substituir pelo filho Eduardo. Lembrando do seu tempo de Plantão de Polícia, o Delegado ficou uma fera. Ameaçou “implodir” o próprio Bolsonaro, a quem chamou de “vagabundo”. Um desbunde.
Dizem que a justificativa à baixaria é facilmente perceptível. O Partido Social Liberal, até então um partido nanico, na última eleição conseguiu uma bancada de 53 deputados federais e de quatro senadores. Essa performance lhe garante 350 milhões de reais no rateio do Fundo Partidário. O PSL nada em dinheiro. Graças a Bolsonaro “mito” que permitiu tirar a agremiação da sua insignificância política.
Agora, não falta quem queira tomar conta da bufunfa. A disputa rasteira pelo controle do dinheiro virou briga de botequim. O presidente do partido Luciano Bivar, se recusa a dar o espaço que Bolsonaro deseja na legenda. Principalmente o segredo do cofre.
Nada disso teria grande importância, não fosse estar em jogo o dinheiro do contribuinte, que é o que alimenta a máquina partidária.
Pior ainda. O país aguarda a reforma da Previdência a ser votada em último turno, na semana que vem no Senado. Teme-se que essas escaramuças prejudiquem o “finalmente” de um já conturbado processo, cujo desfecho favorável é tido como imprescindível para a retomada da economia.
E estão na fila outros projetos também cruciais – reforma administrativa e tributária.
Já foi dito que o nosso sistema político é “presidencialista de coalizão”. Significa que é necessária uma excelente coordenação política entre os poderes Executivo e Legislativo. Para que isso ocorra é preciso haver diálogo constante e forte manutenção dos laços entre o governo e suas bases. Deve-se promover um pacto suprapartidário em benefício do povo e das reformas que o Brasil tanto necessita.
O que salva a lavoura, até agora, é o trabalho braçal, conjunto, dos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre. Eles têm suprido a ausência do presidente Bolsonaro e procurado neutralizar os filhos aloprados, que insistem em prejudicar o próprio governo.
Depois de 28 anos de militância na Câmara e mais de nove meses como Presidente da República, Jair Bolsonaro deveria ter aprendido que ninguém governa sozinho.
Acima das vaidades e demonstrações de poder pessoal, estão aí projetos essenciais para serem conduzidos, em benefício de 12,5 milhões de desempregados e 50 milhões de brasileiros vivendo na linha da pobreza.
