
ATAQUE CIBERNÉTICO COMO ARMA POLÍTICA
ZARCILLO BARBOSA
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A impressão que me passa é que querem anular os efeitos da Operação Lava-Jato por causa de uma “vírgula”. Tivemos a maior ação de combate à corrupção na história – não só do Brasil, como mundial – com 321 prisões, 13 bilhões de reais já recuperados e 244 condenações, algumas confirmadas em três instâncias.
É verdade que a “vírgula” é importante – já dizia a minha professora de Português. Ela constrói e destrói heróis. Alguém que queira dizer “Esse, juiz, é corrupto” e se esquecer da pontuação, vira “Esse juiz é corrupto”.
A verdade pode ser vivida de diversas maneiras. Nós é que fazemos a pontuação. Isso é que faz a diferença e divide as opiniões no país. O PT, legitimamente, adota no combate político à Lava-Jato e em defesa da liberdade de Lula, o argumento da falta de isenção de Moro e de procuradores, Dallagnol, principalmente.
A palavra “lawfare”, em inglês, é utilizada para apontar uma situação e “guerra jurídica” ou uso do direito como arma política para derrotar governos ou substituir regimes políticos.
Os documentos obtidos pela Intercept, um site de notícias americano com filial no Brasil, revelam diálogos promíscuos entre Moro e Dallagnol. As frases dispersas sugerem um conluio. A proximidade entre procuradores e juízes é normal no Brasil – ainda que seja imoral, viole o código de ética e mesmo a lei.
As relações entre magistrados, advogados, políticos e réus nunca foram republicanas. Fora as festas, jantares e viagens patrocinadas e aceitas de bom grado até por ministros da Suprema Corte.
Também é crime grave o hackeamento de conversas, seja de quem for. É crime grave, que expõe todos e viola direitos básicos do cidadão.
Os diálogos, por óbvio, reativam paixões políticas, o que costuma embaralhar o raciocínio. Nessa hora, deve-se ter a frieza necessária para esperar que tudo seja esclarecido.
Sérgio Moro se consagrou como herói nacional contra a corrupção, centralizando todos os processos e desfrutando de popularidade jamais vista no judiciário do país. Foi um erro. O estilo do magistrado, vazando informações para impedir a candidatura de Lula, em primeiro lugar nas pesquisas, foi outro equívoco. O fato de aceitar o convite do presidente Jair Bolsonaro para deixar a Magistratura a fim de ser nomeado Ministro da Justiça, foi mais um equívoco. Destoou da discrição recomenda para que não pairassem dúvidas sobre julgador isento. O passaporte para o Supremo deixou de ser uma garantia de passagem.
As “vírgulas”, podem custar caro.

Eliseu Camilo
Quem iria votar no pt que eu conheço votou , quem não ia não votou, então o fato de faltando um mês ou semana falando de Lula não muda voto de ninguém.