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OS DUZENTOS MIL QUE A VACINA NÃO SALVOU

OS DUZENTOS MIL QUE A VACINA NÃO SALVOU



ZARCILLO BARBOSA

Cemitério em Manaus
Foto: AFP via Getty Images / BBC News Brasil


O Brasil atinge a marca macabra dos 200 mil mortos pela pandemia. Segundo o presidente Bolsonaro, em março, o pior dos cenários previa 180 mil mortos. Entramos num ritmo de 700 mortes por dia. Uma a cada dois minutos (https://covid.saude.gov.br/).


A doença, nesta segunda onda, mata muito mais na Europa e nos Estados Unidos. A queda do isolamento e o desrespeito aos protocolos de segurança começam a cobrar o seu preço. No Brasil, o vírus ainda conta com o incentivo do presidente Bolsonaro e seus seguidores negacionistas.


A esperança de evitar a tragédia é a vacina, que já é uma realidade em 50 países. O Brasil não está nessa lista. Ainda se discute como comprar seringas e agulhas, enquanto se corre atrás do líquido salvador a ser injetado.


O ministro Pazzuello, da Saúde, general do Exército, especialista em logística, alega que o dinheiro está na mão, para as compras. Mas não informou quando as vacinas estarão disponíveis.


Bolsonaro está mais preocupado em plantar o caos político, seguindo o exemplo do seu ídolo Donald Trump. Desde 2018 vem alimentando a teoria conspiratória em torno da urna eletrônica, das leis eleitorais, do STF. Planta para colher o que vimos nos últimos dias no Capitólio, em Washington.


As cenas foram chocantes. Trump decidiu levar o país à beira do colapso institucional. Aqui, Bolsonaro ganhou a eleição e ainda diz que o processo “foi fraudado”. Deveria ter levado no primeiro turno, segundo ele. Imaginem se perder em 2022.


O presidente do Brasil, já comentou com os seus seguidores que aqui pode ser ainda pior. Nem sei o que pode ser esse pior, depois de vermos pela televisão o Congresso norte-americano vandalizado, como se a grande república do norte fosse uma república bananeira.


Trump ateou fogo ao país e agora quer amenizar os efeitos da sua insanidade. Morreram quatro manifestantes, dezenas de policiais ficaram feridos e a nação está estarrecida. Lá, são mais de 4 mil mortos por dia, vítimas do Coronavírus.  Os corpos empilhados nos caminhões frigoríficos, envoltos em sacos plásticos virou banalidade. Aqui no Brasil, seguimos pelo mesmo caminho. Acontece no Amazonas. No Rio de Janeiro, duzentos infectados esperam, em fila, pelo leito que pode ser a salvação. Bolsonaro segue na sua cruzada antivacina, põe em dúvida a segurança dos imunizantes e desdenha do isolamento.


“O Brasil está quebrado”, mas não é por falta de produção. Se não estamos melhor é porque o governo escolhe a falência institucional, como forma de estratégia política.


Zarcillo Barbosa é jornalista
proximarota
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