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GENERAIS EM VEXAME

GENERAIS EM VEXAME

ZARCILLO BARBOSA



As Forças Armadas, há várias décadas, são as campeãs de confiabilidade institucional entre o povo brasileiro – atestam os pesquisadores da  Fundação Getúlio Vargas.


Estão acima da Igreja, do Ministério Público, das grandes empresas, da imprensa escrita, redes sociais, televisão e Judiciário, que vêm a seguir. Os partidos políticos estão em último lugar, claro.


Oficiais de alta patente sempre foram respeitados pela opinião pública, tidos como bem preparados intelectualmente, e idôneos.


Neste governo do capitão Bolsonaro, o que temos visto são generais – até da ativa – em atitude servil para demonstrar lealdade ao chefe, a ponto de se humilharem em público.


Vejo constrangido o general-paraquedista Eduardo Pazuello, que caiu no Ministério da Saúde, ser desautorizado sobre a compra de 46 milhões de doses da vacina Coronavac, de origem chinesa. A chinelada partiu do próprio presidente Bolsonaro quando, em letras maiúsculas, respondeu a um apoiador da rede.


Infectado, ele próprio pelo coronavírus o general, codinome “Pazuca”, reconheceu sem ao menos ficar com as bochechas coradas a sua falta de autonomia: “Senhores, é simples assim: um manda e outro obedece”. “A gente tem um carinho especial”, derreteu-se na visita que o presidente lhe fez. “Opa, tá pintando um clima”, brincou Bolsonaro.


Com toda razão, os comandantes do Exército estão pressionando os da ativa que prestam serviços ao governo a passarem para a reserva. Temem que a credibilidade da farda verde-oliva sofra algum tipo desprestígio.


O general Luiz Carlos Ramos, ministro-chefe da Secretaria de Governo do presidente Jair Bolsonaro, é outro que vem sofrendo fritura e submetido a comentários nada lisonjeiros. Foi chamado pelo ministro do Meio-Ambiente Ricardo Salles de “maria fofoca”, pelo Twitter. Só porque reclamou da retirada dos brigadistas que combatiam os incêndios no Pantanal.


Vítima de uma conspiração palaciana liderada pelo vereador Carlos Bolsonaro, o general Santa Cruz foi defenestrado do cargo. Justamente o antecessor do atual ministro-chefe hoje em perigo. O “Zero Dois” é quem dá respaldo a Ricardo Salles. O plano é excluir Luiz Carlos Ramos na reforma ministerial prevista para fevereiro. Isso se ele chegar a aguentar as humilhações. Muito triste para quem já foi Comandante Militar do Sudeste, com um contingente de 25 mil soldados e oficiais sob suas ordens.


Sabujices são bem piores entre os ministros de origem civil. Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, admitiu que o Brasil de Bolsonaro se tornou um pária internacional. Mas, era só uma deixa para em seguida se melar diante do chefe: “Talvez seja melhor ser esse pária, deixado ao relento, do lado de fora, do que ser um conviva no banquete do cinismo interesseiro dos globalistas”.


O ministro do STF Celso de Mello, que acaba de se aposentar, chamava o atual governo de “um clube de aloprados”. Tinha suas razões, depois que veio a público a já famosa reunião ministerial onde Abraham Weintraub, da “Educação”,  produziu esta pérola:  “Eu, por mim, botava esses vagabundos (do Supremo) na cadeia”.


“O que se vê (neste governo) é um contrato de ignorantes” – sentenciou na ocasião, Celso de Mello.



Zarcillo Barbosa é jornalista

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