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BOI BOMBEIRO E OUTROS BICHOS

BOI BOMBEIRO E OUTROS BICHOS

ZARCILLO BARBOSA

 
Declarações de membros do alto escalão da República, em Brasília, surpreenderam o Brasil e o mundo, inspirando centenas de memes nas redes sociais, pelas suas imagens surreais.


A primeira afirmação, com tom de deboche, partiu do presidente Bolsonaro. Ele teria acabada com a Lava Jato, porque em seu governo, não há corrupção.  A preocupação dos observadores políticos recai sobre a ameaça à continuidade das investigações sobre o caso Queiroz, a “rachadinha”, e os cheques na conta da Michele, primeira-dama.


A ministra Tereza Cristina (Agricultura), falando sobre o desastre ambiental provocado pelas queimadas no Pantanal, levantou a polêmica tese do “boi bombeiro”, também defendida pelo ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente).


Houvesse mais “boi tucura”, aquele gado pantaneiro introduzido pelos portugueses há 500 anos e que vive solto, comeria o capim e assim ajudaria na diminuição da quantidade de material seco que ajuda na propagação do fogo.


A falta de lógica nessa tese do “boi bombeiro”, para os ambientalistas, começa no fato de ter dobrado a atividade pecuarista na região do Pantanal. O que faltou, sim, foram medidas efetivas de combate aos incêndios. Se não tivesse ocorrido um desmonte da gestão ambiental no Brasil, a situação não teria chegado a esse nível de gravidade.


Vice-presidente Hamilton Mourão, também chocou ao insistir em elogiar o coronel Brilhante Ustra, único militar condenado por tortura. Para ele, Mourão, “um homem de honra que respeitava os direitos humanos dos seus subordinados”. Brilhante Ustra foi reconhecido por 45 presos políticos como responsável por torturas e sevícias sofridas nas enxovias da ditadura. À época usava o codinome “Dr. Tibiriçá”.


Quando vice do presidente Barack Obama, Joe Biden trouxe para o Brasil dezenas de documentos sobre torturas aqui ocorridas no período de exceção. O principal responsabilizado nos relatórios da embaixada norte-americana era o coronel-chefe do DOI-Codi de São Paulo, Brilhante Ustra. 


O general Eduardo Pazuello (ministro da Saúde), completa o quadro surrealista, digno da coleção de relógios derretidos de Salvador Dalí, quando confessou que “nem sabia o que era o SUS”. Praticou o chamado “sincericídio”.


O que ele deveria saber é que, quando assumiu interinamente a pasta da Saúde, em maio, haviam morrido 13 mil infectados pelo Covid-19. Agora são 150 mil óbitos e mais de 5 milhões de positivados no território brasileiro. Os números são subestimados porque, os testes para detecção do vírus, ainda não chegaram para 91,5% da população.


Na solenidade de quarta-feira, general-paraquedista Pazuello ainda disse, claudicante, ter descoberto que “o câncer é uma doença muito complicada. Ele está aí… Ele é… Ele está aí”. E precisa ser compreendido”.


Pois é.

 

Zarcillo Barbosa é jornalista
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